O caso de racismo sofrido pelo jogador brasileiro Neymar serve para esclarecer o verdadeiro caráter de uma série de posições políticas no último período. A primeira delas é a farsa da chamada política “identitária”, a qual teria como princípio fundamental a defesa da raça acima de qualquer coisa. Em relação a Neymar, a posição unanime de toda a esquerda identitária foi condenar o jogador, em conjunto com o imperialismo e a extrema-direita. Mesmo Neymar tendo sido agredido por um jogador espanhol, membro do partido de extrema-direita Vox, a esquerda identitária não deu nenhum pio em defesa do atleta brasileiro, muito pelo contrário, alguns setores até comemoraram ocorrido.
O argumento utilizado pelos identitários para tal posição é tão tacanho, mas revela a falta de qualquer princípio político do identitarismo, demonstrando que tal política não tem nada de defesa real e consequente dos setores oprimidos e explorados.
Para os identitários Neymar não pode ser defendido, pois seria milionário, ou teria se declarado não ser negro em épocas anteriores. Por outro lado, tais argumentos não pesam para os identitários quando a questão é a defesa de figuras como Kamala Harris, atual candidata a vice-presidente pelos Democratas nos EUA ou Barack Obama, ex-presidente norte-americano, duas figuras que integram o setor mais agressivo do imperialismo norte-americano, responsável por impulsionar golpes de estado e guerras em todo o mundo.
Em casos ainda mais extremos, determinados setores do identitarismo chegaram a defender “das críticas” figuras de extrema-direita, como Fernando Holliday, simplesmente pelo fato dele ser negro, sem levar em consideração que tal personagem não passa de um negro da casa-grande, um verdadeiro capitão do mato. A prórpria não defesa de Neymar contra o jogador fascista espanhol, coloca automaticamente os identitários ao lado da extrema-direita.
Perto de tais figuras, Neymar, que não é um político e sim um jogador de futebol brasileiro e negro, deveria merecer total apoio.
Outro fato que fica evidente em relação a este caso é verdadeira política de perseguição contra o futebol nacional imposta pelo imperialismo. Por ser o melhor futebol do mundo, dono de cinco copas mundiais, e um representante de todos os países atrasados neste esporte contra os países europeus, o futebol brasileiro é um alvo histórico das intrigas, golpes e manobras do imperialismo. Neymar, por ser hoje o melhor jogador brasileiro em atividade e o melhor jogador do mundo, torna-se o alvo central desta campanha.
Isto ficou claro no julgamento farsa do atleta brasileiro marcado para esta quarta-feira, 30. A Comissão de Disciplina Francesa poderá condenar o jogador brasileiro à 10 jogos de suspensão. O motivo: Neymar teria utilizado de xingamento homofóbicos contra o jogador fascista, algo que até este momento não foi comprovado, enquanto que o racismo do jogador espanhol está documentado.
O caso é tão absurdo que o jogador brasileiro chegou a pegar dois jogos de suspensão no campeonato por ter dado um tapa no jogador espanhol, uma reação ao xingamento. Enquanto que o atleta do Olympique de Marselha nada sofreu. Apesar da denúncia de Neymar ao arbitro da partida, o jogador espanhol não foi expulso e nem sequer foi relatado o xingamento do atleta do Olympique de Marselha na súmula do jogo.
O julgamento e a provável condenação de Neymar são uma farsa total. Trata-se de uma perseguição política não apenas contra um atleta brasileiro, mas contra o futebol nacional como um todo. A utilização da suposta homofobia para condenar Neymar não passa da mais pura demagogia da justiça francesa, a qual atua para encobrir um ato de racismo e defender um jogador vinculado diretamente com a extrema-direita espanhola.
Neste sentido, a defesa de Neymar é parte da luta pela defesa do futebol nacional, de todos os seus jogadores contra a política que vêm sendo imposta pelos monopólios imperialistas no esporte.