Há algumas semanas, o povo negro norte-americano sofreu mais um atentado contra sua existência: no dia 23 de agosto, Jacob Blake, homem negro residente de Kenosha, Wisconsin, levou sete tiros nas costas por um agente policial na frente de seus três filhos. Depois disso, em meio a um enorme sentimento de revolta, a população tomou as ruas novamente, vociferando suas denúncias contra o aparato repressivo do Estado burguês.
Cada vez mais, as mobilizações do povo norte-americano têm se radicalizado, como é de se esperar, uma vez que possuem um caráter extremamente popular. Os manifestantes são vistos virando carros, quebrando prédios públicos, ateando fogo em propriedade pública e até mesmo entrando em confronto direto com a polícia, que já procura reprimir duramente a movimentação. Entretanto, nesse momento, uma série de elementos fascistas entrou na jogada.
Semana passada, Kyle Rittenhouse, de 17 anos, compareceu às manifestações com um rifle na mão. Segundo o adolescente, ele estava lá para proteger as empresas da raiva da mobilização. Após um confronto direto com manifestantes que se sentiram ameaçados com a presença de Kyle, este atirou e matou duas pessoas, alegando ter agido em autodefesa. Além disso, mais recentemente, uma milícia armada fascista foi vista andando ao redor de Kenosha durante as manifestações. Eles faziam parte de um grupo – criado no mesmo dia – chamado Armed Citizens to Protect our Lives and Property (Cidadãos Armados para Proteger nossas Vidas e Propriedade). Justificavam sua presença nos atos por meio da ineficiência da polícia, incapaz de controlar a situação na ocasião.
Com isso, a imprensa burguesa, procurando impedir a radicalização da mobilização, iniciou uma ampla campanha de “paz”. Colocou que a existência de armas dentro das mobilizações é extremamente problemática e deve ser erradicada. Além disso, afirmou que a presença da polícia dentro das manifestações é essencial para conter os ânimos dos manifestantes, incentivando o aparato repressivo do estado.
A população não pode cair nessa campanha proveniente da burguesia. O fato é que não passa de uma manobra para manter a ordem política vigente, preparando o cenário para as eleições de novembro. Se dizem contrários à administração de Trump e, ao mesmo tempo, se colocam favoráveis à repressão policial e ao controle do estado sobre o direito de manifestação da população. Ou seja, a prova real de que a desavença que o imperialismo tem com Trump mora em sua forma, não em sua política. Afinal, seu candidato da vez é Biden, mais um representante da política imperialista.
O povo precisa se radicalizar cada vez mais e seguir o exemplo do que já ocorreu. No meio da confusão das manifestações que ocorrem agora, um agente armado da extrema-direita foi baleado por um manifestante da esquerda, agindo completamente em autodefesa ao ataque fascista. É nesse sentido que o resto do movimento precisa ir, se armar para se defender dos ataques da burguesia.
O fato é que, caso nada seja feito, o povo será esmagado pela polícia, pela extrema-direita fascista e, acima de tudo, pelo imperialismo. Nesse sentido, é essencial que conselhos populares de autodefesa sejam formados para que a população possa se defender dos ataques feitos contra a classe operária. É a única forma de promover qualquer tipo de mudança e, finalmente, pôr um fim ao aparato repressivo da polícia.