Com o lançamento do livro “General Villas Bôas: Conversa com o comandante”, da Editora FGV, novos golpes dados contra o ex-presidente Lula foram revelados. Em uma entrevista de mais de 13 horas de duração que viria dar origem ao livro, um trecho em especial veio a chamar a atenção: de acordo com Villas Bôas, o Exército se articulou para pressionar o Supremo Tribunal Federal a não acatar um dos habeas corpus de Lula em 2018, onde recorria de condenação em liberdade.
O episódio em questão refere-se aos dois tweets publicados pelo general na véspera do julgamento do STF, no dia 3 de abril de 2018. Na ocasião, Villas Bôas declarou em sua conta oficial no Twitter que o Exército “julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade”.
Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.
— General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) April 3, 2018
De acordo com o próprio general, as declarações foram redigidas por todo Alto Comando do Exército: “O texto teve um ‘rascunho’ elaborado pelo meu staff e pelos integrantes do Alto Comando residentes em Brasília. No dia seguinte da expedição, remetemos para os comandantes militares de área. Recebidas as sugestões, elaboramos o texto final, o que nos tomou todo expediente, até por volta das 20 horas, momento que liberei para o CComSEx (Setor de comunicação do Exército) para expedição”.
De maneira cínica, Villas Bôas “justifica” a ação tomada pelo exército dizendo que “tratava-se de um alerta, muito antes que uma ameaça”. Já em outro trecho, o general fala sobre os “anseios” por uma intervenção militar, e de que esta postura tomada pelo alto escalão das forças armadas, era uma resposta a este problema.
O livro ainda deixa fala sobre as conversas entre o general e Jair Bolsonaro, da qual Villas Bôas coloca que “o que a gente colocou morrerá com nós”. Todos os trechos deixam claro o caráter conspirativo do exército brasileiro em todo último período.
O mais importante, é que a confirmação de que todo o alto escalação das forças armadas se reuniu e deliberou ameaças contra o habeas corpus do ex-presidente Lula, configura-se uma total traição à pátria, ao povo brasileiro, isso se levássemos a sério que esses generais realmente defendem o povo brasileiro como dizem. Com esta operação, o generais brasileiros atacaram os direitos políticos de Lula e os direitos democráticos de todo povo brasileiro, impulsionando a política golpista.
Dessa maneira, Lula foi retirado das eleições de 2018, em uma fraude apoiada pelos militares, que serviu para eleger Jair Bolsonaro, que hoje entrega a nação para os países imperialistas, em uma verdadeira política entreguista.
Esses militares agem como uma força estrangeiro dentro do próprio País, o processo de golpe de Estado financiado pelo imperialismo, sobretudo norte-americano, deixa isso muito claro. Os trechos retirados do mais recente livro a respeito do general Villas Bôas, vão na contramão do entendimento da esquerda pequeno-burguesa, que considerava os militares meros apoiadores do golpe de estado, quando na realidade agiram ativamente para a sua implementação.
Assim, estas declarações somam-se a série de denuncias feitas na última semana a respeito do processo farsa contra o ex-presidente Lula. Além de comprovar que o procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz da operação Lava Jato, armaram junto ao imperialismo norte-americano todo o processo farsa contra Lula, que levaria a sua prisão e impedimento de concorrer as eleições. Já os militares, agiram diretamente na condenação de Lula, no golpe de estado e na fraude de 2018.
Todos estes crimes precisam não apenas serem meramente denunciados, como também servir de base para uma ampla mobilização dos trabalhadores em defesa dos direitos políticos do ex-presidente Lula.
Quanto aos militares, este tipo de política não pode ser perdoada. Contudo, não será a justiça golpista, ou qualquer outro meio institucional que resolverá este problema. Para comprovar isto, basta ver o próprio caso Lula, no qual o ex-presidente não foi apenas condenado pela pressão dos militares, mas sim por toda a armação feita em conjunto com a justiça burguesa contra todo o povo brasileiro. Por isso, a derrota do golpe é essencial para a vitória dos trabalhadores contra os golpistas, tal situação só poderá ser conseguida por meio da mobilização.
Neste momento, a principal campanha gira em torno justamente do ex-presidente Lula. Não há outra figura na esquerda capaz de agrupar amplos setores da população em torno de uma real ação, mobilizadora contra o governo Bolsonaro e o regime golpista, estruturado pelos militares.
É hora de utilizar mais esta denuncia como base para impulsionar este movimento no ano de 2021, garantindo a candidatura de Lula por meio da mobilização dos trabalhadores.