No dia 1º de agosto o povo Kinininau, originário da região onde se localiza hoje o estado do Mato Grosso do Sul retomarou suas terras historicamente reivindicadas há mais de 100 anos na cidade de Aquidauana. Cerca de 200 índios, entre crianças, adultos e idosos, participaram da retomada de suas terras localizadas onde hoje é a fazenda Água Clara, atualmente propriedade da fundação Bradesco segundo as leis capitalistas.
Com uma relação de forças completamente desproporcional, houve um conflito entre os indígenas desarmados e a polícia civil e militar, que avançaram pelos fundos do terreno da fazenda e cercaram os índios jogando bombas de gás lacrimogênio e atirando balas de borracha. O líder dos Kinikinau foi atingido por uma bomba na cabeça e relatou o episódio afirmando que teve os primeiros socorros negados, tanto em Aquidauana quanto em Miranda.
As terras, que estiveram sob disputa durante o último século, já foram relatadas pelo antropólogo Gilberto Azanha e protocoladas na FUNAI, que se exime da responsabilidade institucional de reivindicarem as terras através da burocracia estatal. Além disso, ao não se fazerem presentes durante a ocupação das terras e deixarem os indígenas enfrentarem a polícia e jagunços da extrema-direita sozinhos, demonstram claramente suas intenções de, ao não tomar partido dos índios, defenderem abertamente o lado do fascismo.
Nesse caso, é preciso defender a política de autodefesa para os povos indígenas de todo país. Uma vez que toda esperança depositada nas instituições do Estado, após o golpe de 2016, se apresenta como uma ilusão da esquerda pequeno-burguesa, o povo em geral deve apresentar suas próprias opções para combater a extrema direita. Essa opção vem da organização combativa e do armamento do povo, para enfrentar de igual para igual o aparato repressivo da burguesia e ela em seu conjunto para, assim, garantir o acesso à terra que é direito do povo Kinikinau.