Na quarta-feira (11), foi convocada uma reunião de ministros de países-membros do Tratado de Assistência Recíproca (TIAR) sobre a Venezuela, durante encontro na Organização dos Estados Americanos (OEA), a ser realizada na segunda metade deste mês.
A proposta foi elaborada pela Colômbia, país que vem sendo, nos últimos anos, o principal agente do imperialismo norte-americano na agressão sistemática contra a Venezuela. Ela é resultado de pedido feito pelos representantes de Juan Guaidó na OEA, que os acolheu de maneira ilegal após o governo legítimo de Nicolás Maduro anunciar a saída da Venezuela da entidade no início do ano.
O TIAR estabelece a defesa mútua dos países-membros do tratado em caso de ataques externos. É um mecanismo criado ainda durante a chamada “Guerra Fria”, em 1947.
Em 1964, os fantoches do imperialismo membros do tratado impuseram sanções contra Cuba após a ilha ser expulsa da OEA em 1962 devido à Revolução e à decretação do caráter socialista desta. Ou seja, trata-se de uma ferramenta imperialista para atacar diretamente a soberania dos países da América Latina, particularmente os governos nacionalistas e de esquerda.
Entretanto, o TIAR só pode ser acionado se um dos países-membros for atacado por uma força que não pertença à região, fora do continente americano. A Venezuela, embora tenha saído do tratado em 2012 devido justamente ao seu caráter pró-imperialista vinculado à OEA, não é um país estrangeiro e, portanto, não pode, conforme o regulamento do tratado, ser alvo de ataques dos países-membros.
Porém, fica evidente a intenção desestabilizadora e mesmo guerrista por parte dos Estados Unidos e seus vassalos ao se saber da votação a respeito do caráter da intervenção do TIAR na Venezuela.
Durante a reunião de quarta-feira, a Costa Rica propôs uma emenda na qual se estabelecia sua utilização para a “restauração pacífica da democracia na Venezuela, excluindo aquelas que impliquem no emprego das Forças Armadas”. Ainda que mesmo a demagogia de “restauração pacífica da democracia” seja uma clara posição intervencionista, os membros da OEA votaram contra a emenda, incluindo o Brasil, possibilitando, assim, uma intervenção militar na nação caribenha.
A desculpa para a utilização do TIAR seria um suposto ataque que a Venezuela poderia efetuar contra algum país-membro. Avaliando a atual situação de tensão entre Venezuela e Colômbia, possivelmente esse país seria a Colômbia. Mas não seria, obviamente, um ataque provocado por Caracas.
Aumentou nos últimos dias o cerco propagandístico e político contra o governo Maduro, com acusações fraudulentas de que os chavistas estariam financiando a guerrilha chamada Exército de Libertação Nacional e também dissidentes das FARC.
Essa propaganda, como sempre, serve para aprontar um cerco militar contra Caracas, e os Estados Unidos já anunciaram que, caso a Venezuela ataque a Colômbia, eles irão responder. Isso seria impossível, pois a Venezuela apenas realiza atividades militares dentro de seu território para defender sua soberania – como são as que estão sendo executadas até o próximo dia 28, devido às ameaças da Colômbia.
Portanto, é grande o perigo de que o imperialismo esteja tramando um cenário de bandeira falsa, semelhante ao que tentou fazer quando da “ajuda humanitária” – na verdade, invasão “humanitária”, em abril. Haveria ataques por parte dos colombianos – possivelmente com ajuda de elementos fascistas da oposição venezuelana – que seriam respondidos pela Venezuela, para proteger seu território, mas o imperialismo acusaria a Venezuela de iniciar o conflito, assim fazendo uso do TIAR para implementar a invasão militar do país e tentar derrubar o governo Maduro.
É preciso, portanto, que os povos da América Latina aumentem as mobilizações contra as agressões do imperialismo e seus capachos à Venezuela. É necessário que haja atos de massa por todo o continente denunciando a intromissão do imperialismo e pela expulsão do domínio imperialismo da América Latina.