Em março de 2020, mais ou menos por volta do dia 20 daquele mês, vários meios de comunicação burgueses noticiavam a suposta situação precária do sistema de saúde da Venezuela, alegando falta de água em mais da metade dos hospitais. Como profetas do apocalipse chegaram a afirmar que a Venezuela era o país com piores condições para enfrentar a pandemia do coronavírus e que as mortes nesse país seriam um verdadeiro holocausto.
Pois bem, passados quase dois meses dessas “notícias”, o que vemos é que a Venezuela teve em 10 de maio um total de 10 mortos pela Covid-19, sendo que o estado brasileiro com menos vítimas fatais, o Mato Grosso do Sul, tem 11 mortos notificados no mesmo dia.
Mas não pensemos que a Venezuela está apenas um pouco melhor que o Mato Grosso do Sul. Devemos também considerar que a população desse estado brasileiro é de menos de 10% da venezuelana. Além disso, a densidade demográfica – quanto maior esse número maior é a proximidade entre as pessoas e a chance de contágio – da Venezuela é de mais de quatro vezes da do Mato Grosso do Sul. Ou seja, a Venezuela está muito melhor que o Mato Grosso do Sul e, por dedução, que o Brasil todo, que já ultrapassou o número oficial de 11.000 mortos.
Mas as mesmas vozes bem pagas pela burguesia falariam que na Venezuela existe uma “ditadura” que omite informações e que lá a situação é muito pior. Na verdade, e é prova cabal do sucesso venezuelano, o que temos visto de março até agora é um retorno para a Venezuela de milhares de venezuelanos que haviam deixado seu país nos últimos meses por causa da crise econômica decorrente do bloqueio econômico norte-americano e da sabotagem e violência da burguesia golpista local. Esse fato foi divulgado em vários órgãos da imprensa, chegando inclusive a sair sem muito alarde – é óbvio – na imprensa burguesa.
Excluindo as declarações de sempre do fantoche de Donald Trump e golpista Juan Guaidó falando da manipulação dos dados sobre a pandemia pelo governo Maduro e uma ou outra matéria claramente tendenciosa, os fatos mostram claramente que a Venezuela, por conseguir tratar adequadamente sua população nos hospitais – inclusive os repatriados -, por testar para o coronavírus muito mais que qualquer pais da região – 6.045 testes pelo sistema público para cada milhão de habitantes – e por ter tomado medidas de econômicas e sociais – proibição de despejos e demissões e salários garantidos por pelo menos seis meses – que permitem que ocorra de fato uma quarentena em condições dignas, tem uma taxa de contágio muito menor que a do Brasil, país que praticamente não testa ninguém – 305 provas para cada milhão de habitantes – e apenas ataca a população mais pobre enquanto ajuda os capitalistas. Por isso estima-se que aqui no Brasil a situação seja entre a 10 a 15 vezes mais grave do que os números oficiais.
Até a OMS, que nada tem esquerdista – apesar do chanceler brasileiro Ernesto Araújo e seu chefe acharem o contrário -, elogiou o uso da tecnologia como aliada no combate à pandemia na Venezuela. Através do Sistema Pátria – uma plataforma online pela qual os cidadãos têm acesso a programas sociais – foi ativada, ainda no dia 14 de março, uma pesquisa com perguntas e respostas sobre a doença. Com mais de 17 milhões de respostas, por meio de tecnologia de big data, o Estado direcionou visitas de equipes de saúde primária a 92 mil casas.
E a Venezuela faz tudo isso sendo vítima de um crime contra a humanidade que é o bloqueio econômico imposto pelos EUA, e que não foi aliviado nem mesmo durante a pandemia.