O líder do Unidas Podemos, Pablo Iglesias, desistiu na noite dessa sexta-feira (19) de compor o governo da coalizão PSOE-Podemos (com o apoio de partidos de esquerda regionais, como da Catalunha) para garantir a governabilidade do PSOE na Espanha.
“O PSOE disse que a única armadilha que impede a formação deste governo sou eu. E depois de ter refletido durante os últimos dias decidi que não vou ser a desculpa para que o PSOE evite esse executivo de coalizão”, declarou.
Isso significa que Iglesias desiste de ser um membro do governo, por pressão do primeiro-ministro Pedro Sánchez, que não quer “esquerdistas radicais” no Executivo, apenas “técnicos”, ou seja, a ala mais direitista do já direitista Podemos.
O Podemos continuará fazendo parte da coalizão para garantir uma maioria de esquerda que permita a Pedro Sánchez assumir novamente a chefia do governo espanhol, na sessão de investidura que ocorrerá na próxima terça-feira (ou na quinta, caso no primeiro dia não haja votos suficientes).
A Espanha vive uma intensa crise política e a burguesia decidiu permitir que – ao menos por enquanto – a esquerda fique no poder. Pedro Sánchez assumiu no ano passado no lugar de Mariano Rajoy, do PP, mas não conseguiu conter a crise, especialmente com os catalães.
Devido a sua postura um tanto centrista, não atacou a Catalunha como a direita estava fazendo, mas também não deu nenhum passo para uma maior autonomia da região. Por isso, a extrema-direita iniciou uma forte investida e conseguiu fazer com que Sánchez chamasse novas eleições.
Mas, nelas, a direita sofreu uma derrota, principalmente nos países oprimidos por Madri – como a própria Catalunha. Assim, os partidos independentistas prometeram apoio ao PSOE caso esta atendesse minimamente suas reivindicações. Esse apoio é fundamental para que Sánchez tenha maioria e governo, bem como o apoio do Podemos, que, quando criado, se mostrava como uma alternativa de esquerda ao regime, mas que nos últimos anos tem revelado sua verdadeira face: uma versão menor do próprio PSOE.
O fato é que não há nenhum prognóstico de estabilização da crise no regime político espanhol, mesmo com um governo de esquerda de coalizão.