Hoje (21), na cidade alpina de Davos, na Suíça, começa o Fórum Econômico Mundial, sem as presenças dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, ou da França, Emmanuel Macron, ou da primeira-ministra britânica, Theresa May, entre muitos outros chefes de estado que já confirmaram suas ausências no rega bofe dos negócios mundiais deste ano.
Em compensação, o evento contará com entretenimento de sobra: o “governador geral” da colônia, Jair Bolsonaro, está pautado para fazer um pronunciamento público em defesa da “democracia”. Imperdível. Não é piada. Bolsonaro levará a tiracolo os ministros da Economia, da “Justiça” e Segurança Pública, Sergio Moro, o ministro das Relações Exteriores faz-de-conta, Ernesto Araújo, e o de facto, o filho 03, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Além de levar em ambas as palmas das mãos com lembretes escritos, Bolsonaro vai vender o que não lhe pertence, o Brasil. Nas redes sociais, Bolsonaro já antecipou que passará a imagem de um país “diferente”, “livre das amarras ideológicas e da corrupção generalizada”. Pausa para o riso.
Por sua vez, o “posto Ipiranga” Guedes vai expor as principais linhas do seu plano econômico, sustentado em reformas estruturais (tradução: desmonte) , privatizações (tradução: liquidação) e contenção dos gastos públicos `(tradução: pagar juros para banqueiros). Guedes apresentará diante dos poucos líderes mundiais o esboço da reforma da Previdência que pretende levar ao Congresso em meados de fevereiro. Ele vai incluir a criação de um regime de capitalização individual, similar ao adotado pelo Chile, no qual cada trabalhador “cuida” de si e causa de uma grande quantidade de suicídios naquele país entre idosos desesperançados.
Reza a lenda que Moro e seu chefe defenderão o combate à corrupção em Davos, desde que ninguém da plateia de ouvintes tenha acompanhado o noticiário recente do Brasil. Bolsonaro também pretende chutar em Maduro, depois que se reuniu com os principais líderes da oposição golpista ao governo reeleito da Venezuela. A tradicional política externa brasileira de não intervenção em assuntos internos de outros países foi para o espaço.
Eduardo Bolsonaro deve seguir com seu estilo deixa-que-eu-chuto, como fez quando viajou sozinho aos Estados Unidos e ao Chile, representando seu pai, falando o que lhe dá na telha, ou melhor, o que seus patrões imperialistas querem ouvir.
Enquanto isso, o vice, General Mourão, assume a presidência. Será a primeira vez que um militar assume o cargo, mesmo temporariamente, desde 1985.
Resumo: Bolsonaro vai a Davos para vender o Brasil aos gringos. Ele vai apresentar a reforma da Previdência e outros ataques aos trabalhadores brasileiros como atrativos para os especuladores estrangeiros e os grandes monopólios. Vai mostrar serviço ao imperialismo que o colocou no cargo.