Quem é Olivaldi Alves Borges Azevedo
Major da Polícia Militar, considerado braço direito do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com quem já havia atuado conjuntamente quando este foi secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, torna-se mais um bolsonarista candidato a herói da esquerda.
Após a repercussão na imprensa burguesa de uma operação realizada pelo Ibama na semana passada, na qual foi desmontada uma unidade de garimpo ilegal em território indígena no sul do estado do Pará, Ricardo Salles demitiu diretamente Olivaldi passando por cima do presidente do Ibama.
É importante esclarecer o óbvio nestes tempos onde impera a confusão política. Assim como foi necessário levantar um breve histórico do ex-Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, vale recordar um pouco da recente trajetória do major Olivaldi.
No terceiro mês do governo Bolsonaro, ele já mostrou a que veio. Nomeado para a Diretoria de Proteção Ambiental (DIPRO) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) pelo ilegítimo presidente em janeiro de 2019, apenas dois meses depois foi responsável pela exoneração do servidor do Ibama que multou o então deputado federal Jair Bolsonaro por realizar pesca irregular em área de proteção ambiental.
Vale lembrar também que foi durante sua parceria com Salles, no governo do tucano Geraldo Alckmin, que o agora Ministro do Meio Ambiente cometeu crime ambiental, pelo qual foi condenado pouco antes da indicação ao cargo atual.
Fora isso, o próprio fato de ter sido indicado pelo fascista Jair Bolsonaro já deveria ser o suficiente para eliminar qualquer possibilidade de alguém ser confundido com uma pessoa bem intencionada. Alguém em sã consciência é capaz de acreditar que o ex-Diretor de Proteção Ambiental de Bolsonaro empreendeu alguma luta séria para defender o meio ambiente nos 15 meses em que ocupou o cargo?
Sai um PM, entra outro
Seguindo o padrão das mudanças no governo Bolsonarista, troca-se seis por meia dúzia: no lugar de um major da PM, entra um coronel. Ambos fazem parte da Polícia Militar de São Paulo, uma das polícias mais assassinas do mundo.
O novo ocupante da diretoria já foi subcomandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) e chefe do COE (Comando de Operações Especiais), agrupamentos famosos pelo altíssimo grau de letalidade em suas ações.
Apesar de apontar para um aprofundamento da política bolsonarista de frear qualquer tipo de fiscalização de atividades ilegais na amazônia, em especial nos territórios indígenas, não podemos compactuar com distorções da realidade, como ocorreu recentemente no caso Mandetta.
É preciso ter a clareza de que o major Olivaldi não caiu por ser um bravo defensor do meio ambiente ou dos povos indígenas, mas justamente por ter sido incapaz de controlar a DIPRO conforme as expectativas do governo, ou seja, não ter impedido completamente a realização de qualquer ação de combate às invasões dos territórios indígenas.