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Varrer o lixo bolsonarista

Amanhã é ano novo, apesar de tudo. Por mais que o novo governo se esforce para voltar o calendário para 1964, esse retrocesso com que a direita sonha ainda não está garantido. Essa é a razão de o ditador Bolsonaro declarar guerra todos os dias contra a população. Hoje, véspera do espetáculo grotesco da posse do presidente “eleito”, o aspirante a Hitler voltou a atacar os professores pelo Twitter, prometendo o combate ao “lixo marxista” que teria se “instalado” nas “instituições de ensino”.

Compreende-se o ódio da burguesia contra o marxismo desde o primeiro momento. O marxismo deu à humanidade a compreensão científica da história e do funcionamento da sociedade. E identificou como motor da história a luta de classes. Todo o esforço intelectual da direita desde que essa conquista intelectual da civilização veio à luz é dirigido, em última instância, a ocultar a luta de classes. Bolsonaro, como empregado dos capitalistas, está reproduzindo esta campanha com as palavras que ele consegue juntar, ajudado por assessores ligeiramente menos limitados que ele próprio.

É justamente a luta de classes que explica o embate que continua a partir de amanhã. A tarefa de Bolsonaro será ampliar os ataques às condições de vida de milhões de trabalhadores em proveito dos interesses de meia dúzia de capitalistas estrangeiros. Ir muito mais longe do que Temer foi. Caso tenha sucesso em sua empreitada direitista, provocará uma miséria para o povo brasileiro sem precedentes na história do Brasil. Isso é luta de classes.

De um lado a miséria dos trabalhadores com salários baixos e sem direitos trabalhistas em um mercado desregulado, de outro a opulência para um punhado de ricaços. Como fez a ditadura militar, ao reduzir o poder de compra do salário mínimo quase pela metade durante seus desastrosos 21 anos, antes de abandonar o poder deixando uma inflação de três dígitos. É isso que a direita é, resumindo.

Por isso a direita ataca o “marxismo”, embora na quase totalidade dos casos um direitista não faça a mínima ideia do que seja marxismo. Incluindo-se nessa conta o coprolálico presidente “eleito”. O alvo na verdade são os trabalhadores, de todas as categorias. No caso do combate ao “marxismo” nas escolas, trata-se de um ataque aos professores. Não se trata simplesmente de um problema ideológico, mas de um problema bastante prático: esmagar os educadores.

A cidade de São Paulo, com a prefeitura bolsonarista de Doria (continuada agora por Bruno Covas), já deu uma amostra de como isso irá funcionar. Dia 26 os vereadores de direita aprovaram uma alíquota maior a ser paga pelos professores para a Previdência municipal. Os educadores da cidade terão que desembolsar 14% de seus salários. É uma redução dos salários. A direita está roubando o salário dos professores. Essa é a política da direita.

A sessão que aprovou esse roubo foi marcada pela repressão do lado de fora de Câmara. Policiais da Guarda Civil Metropolitana jogaram bombas de efeito moral e de gás em cima dos professores, além de agredi-los com cassetetes. Esse é o prólogo do que está por vir a partir de amanhã. Uma imagem do que será o próximo governo golpista: trabalhadores perdendo salário e direitos, e além disso apanhando da polícia. Luta de classes.

O lixo dessa história é a própria direita, que representa um caminho inviável. Esse lixo precisa ser varrido o quanto antes. Quanto mais tempo a direita estiver no poder, maior será o estrago para o país e para os trabalhadores. Embora a direita golpista tenha tido muitas vitórias até aqui, a situação permanece indefinida. A classe que tem sido derrotada até o momento ainda pode se organizar e reunir força o suficiente para derrotar o golpe, porque é composta de uma gigantesca maioria. Enfrentar o golpe continua sendo fundamental. Antes que o salário mínimo perca outra vez metade de seu poder de compra.

Encerro esta coluna citando o poema “Lixo humano”, de Celso de Alencar, escolhido pelo autor para integrar a coletânea Lula Livre – Lula Livro:

LIXO HUMANO

Desde a infância
desde o tempo da escola primária
venho me alimentando
de lixo humano.
Por vezes sinto-me um rato.
Um desses que passeiam pelos bueiros.
Um desses que são vistos à noite
caminhando pelas mais desertas ruas.
Meu pai dizia-me:
Cuide bem de sua alimentação, filhinho.
Não coma lixo humano.
Eu dizia à minha professora de francês,
a irmã Celine do Sagrado Coração de Jesus,
não estou me sentindo bem.
Não estou respirando bem.
E ela com ternura falava: acalme-se, acalme-se.
Eu nunca quis viver
de lixo humano, nunca.
Mas tenho vivido.
Ele me alimenta constantemente.
Existe tanto lixo humano.
E às vezes emerge
de dentro de mim.
Como se eu tivesse útero
como se eu parisse.
Como se eu desgraçadamente
gerasse minha própria alimentação.
Não há nenhuma vitamina c.
Nenhuma fibra para proteger o intestino.
Nenhuma vitamina b-12 para proteger o fígado.
Cálcio para a proteção dos ossos.
Antioxidante para se resguardar
dos mais diversos cânceres.
Venho me alimentando
de lixo humano.

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