Um dos cenários mais emocionantes do futebol está sendo destruído pelo VAR, os gols nos acréscimos dos jogos. Onde a emoção está no limite e o coração do jogador bate na ponta da chuteira. Um empate ou uma vitória que parece possível apenas para os torcedores mais apaixonados.
Dois empates emocionantes nos acréscimos do segundo tempo foram barrados pelo árbitro assistente de vídeo, do Goiás contra o Santos e do Bahia contra o Sport. Duas intervenções muito polêmicas que, além de alterar o resultado das partidas, tirou toda a emoção do jogo para os torcedores.
Em Goiânia, foi marcado aos 47 minutos do segundo tempo um impedimento de Rafael Moura, vários segundos antes da jogada que resultou no gol. Além da distância temporal, o lance de impedimento em si não foi decisivo para o belo gol de Victor Andrade, que chutou de fora da área e por ser “cria” da base santista não comemorou o gol contra o “peixe”.
Também jogando em casa, o Bahia teve seu gol de empate aos 49 minutos do segundo tempo anulado, literalmente no último lance do jogo. Também de fora da área, o capitão Gregore bateu forte no canto e fez um importante gol para o Bahia. Dessa vez, a anulação se baseou num lance de “bola na mão”, um toque acidental de Clayson que não mudou a trajetória da bola e não interferiu na jogada.
Esses casos se somam aos que vêm ocorrendo a cada rodada nos campeonatos, sejam impedimentos milimétricos ou lances de “bola na mão”, não passa uma rodada sem que o VAR se destaque sobre o futebol. Nessa mesma rodada, o São Paulo teve um gol contra o Coritiba anulado por um desses impedimentos milimétricos.
Não é por acaso que essa “inovação” está sendo consolidada justamente com as casas vazias, ou seja, sem as torcidas nos estádios. Já é chato lidar com as longas interrupções, enquanto o árbitro ouve instruções ou fica assistindo repetições das jogadas nas cabines do VAR, assistindo os jogos pela televisão. Presencialmente, é muito pior. E certamente a resistência à ditadura do VAR seria encampada pelas torcidas organizadas. Um gol “chorado”, nos acréscimos do jogo, e anulado minutos depois do grito coletivo de gol, com certeza não seria simplesmente tolerado pela torcida da casa.
Como ressaltamos neste Diário com alguma frequência, o futebol é um esporte de massas, o mais popular do mundo. Esse status foi obtido devido justamente à carga emocional envolvida nas disputas, as jogadas inesperadas, os gols no último minuto. Essa burocratização do esporte, que não resolveu nem de longe os erros de arbitragem, é uma afronta à cultura popular que se criou em volta do futebol e deve ser combatida.