A mineradora vale do Rio Doce, que matou mais de 300 trabalhadores com o rompimento das barragens de Mariana em 2015 e Brumadinho em 2019, ambas em Minas Gerais, está se preparando para mais uma avalanche de morte de trabalhadores, desta vez por conta da epidemia do coronavírus.
Apesar do desastre criminoso da mineradora – que foi entregue de graça pelo governo aos capitalistas por um milésimo de se valor – os donos da Vale do Rio Doce decidiram que o rompimento de duas barragens, com a morte de inúmeros trabalhadores não foi o suficiente. Por isso, tanto no estado de Minas e no Pará a operação está funcionando como se nada estivesse acontecendo no país. Como se o covid-19 não lhes dissesse respeito. Muito embora, em outros países onde está instalada tenha paralisado suas atividades.
A ganância por lucro faz com que mais de 55 mil trabalhadores fiquem totalmente vulneráveis, com enorme risco de contágio. Ao que se sabe, já ocorreram com pelo menos dois de seus funcionários o contágio com o coronavírus, um em Minas Gerais e outro no Rio de Janeiro.
Conforme matéria do Intercept Brasil de 26 de março, apenas parte dos funcionários de áreas administrativas tiveram a permissão para trabalhar de casa.
A decisão criminosa dos donos da Vale do Rio Doce vai de encontro à decisão do governo golpista do fascista Jair Bolsonaro que, para o qual, não tem nenhuma importância se os trabalhadores vão morrer. O que mais importa é manter a produção e lucro daqueles que financiaram o golpe no país e o colocaram, de maneira fraudulenta na presidência da república.
A vida do trabalhador não vale nada
Um dos donos da mineradora Vale do Rio Doce e financiadores do golpe no país, Benjamim Steinbruch, vice- presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, considera seus 55 operários um objeto qualquer, usa-se e joga fora. Disse, em outra oportunidade, que os trabalhadores não precisam de horário de refeição, podendo trabalhar com uma mão e comer com outra. Mais, que não era necessário uma hora de almoço, como também que os trabalhadores podem trabalhar 12 horas, ou seja, que importância tem se os trabalhadores pegarem uma “gripezinha”.
Os trabalhadores denunciaram que, no Corredor Norte da Vale no Pará – que inclui as operações S11D, Carajás, Salobo três e Sossego, em Marabá, Parauapebas e Canaã – com a atividade correndo normalmente, 24 horas por dia, ônibus correm pelas estradas transportando trabalhadores entre os alojamentos lotados e o trabalho.
A Vale-Carajás continua com suas as atividades normais, as aglomerações de funcionários em pontos de parada e dentro de ônibus e, consequentemente, o aumento do risco de contágio com o coronavírus são inevitáveis.
Evaldo Fidelis, operador de equipamentos da Vale na Mina de Carajás relatou que, as medidas tomadas pela empresa, como reduzir os passageiros nos ônibus, são absolutamente ineficientes diante do risco que o coronavírus representa numa região de difícil acesso e com estrutura de saúde precária.
(…) “A maioria dos funcionários é de Parauapebas, inclusive das comunidades rurais que não têm nenhum suporte. Se o vírus chegar, vai ser uma tragédia”,
Até a quarta à noite, o Pará tinha sete casos confirmados de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus – um deles em Marabá, onde fica o projeto de expansão de Salobo três. Parauapebas tem 26 casos suspeitos, e Canaã dos Carajás, dois.
Em Minas Gerais, palco das duas maiores tragédias, que culminaram no maior acidente de trabalho da história, por uma única empresa, a situação também é assustadora.
Em Congonhas, Mariana e Ouro Preto, diariamente duas mil pessoas vão e voltam das minas. São localidades que dependem economicamente da Vale.
Lá, os funcionários e representantes sindicais da operação mineira da empresa disseram que já pediram a paralisação total das atividades, sem corte de salários e com garantia de emprego, mas os donos da Vale, onde impera o regime de escravidão, sequer deram a mínima atenção.
A situação no país requer medida imediatas para que sejam barrados os ataques dos patrões e do governo fascista de Bolsonaro que estão tentando acabar com o conjunto dos trabalhadores, deixando-os a própria sorte.
A direção da Central Única dos Trabalhadores, única entidade verdadeiramente representativa dos trabalhadores do País, precisa agir imediatamente. É urgente convocar um encontro para discutir um programa de emergência, das organizações dos explorados, diante da crise de saúde e econômica, para armar para a luta os sindicatos e outras organizações populares.
Nas grandes cidades, é preciso mobilizar para paralisar o transporte público, para proteger os trabalhadores do transporte, mas também toda população que está sendo obrigada a trabalhar sem qualquer segurança. Dentre outros, precisam ser paralisados os correios, onde mais de 100 mil trabalhadores continuam trabalhando sem qualquer proteção real. A paralisação deve seguir até que todas as medidas necessárias sejam tomadas para garantir a segurança e as condições de vida de todos.