Uma festa com cerca de 250 jovens em Campo Grande foi reprimida pela polícia no dia 18/12. A operação conjunta que teria envolvido a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur), Vigilância Sanitária (Visa), Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Guarda Civil Municipal (GCM) e Polícia Militar (PM) pôs centenas de jovens de cara para parede sob ameaça de fuzis.
O pretexto cínico costumeiro seria a o consumo de álcool por menores e aglomeração. A política repressiva e sua inefetividade quanto à questão das drogas é antiga e já amplamente difundida. A sua relação com o problema da crise sanitária de Covid-19 é mais recente mas seu princípio é o mesmo. A repressão sob pena de prisão ou multa sobre aglomerações não produz efeitos reais sob o número de infectados ou mortos e sequer tem a real intenção.
O cenário que tem de ser exposto e que não é trazido a tona pela esquerda em geral é o da completa ausência de políticas públicas de saúde para contenção e prevenção do Covid-19. A falta de testes, a subnotificação proposital (vista por exemplo no município do Rio de Janeiro) a tendência a diminuir o problema publicamente como no caso de Bolsonaro, a falta de contratação de pessoal da saúde, álcool gel e máscaras para a população.
O cenário basicamente é de falta de possibilidades para a população exercer o isolamento social. Uma posição básica de esquerda seria entender que o fruto dos problemas como violência ou a de crises sanitárias são de questões sociais, que a pobreza expõe as pessoas a situações limite e que são necessárias condições básicas para que elas possam atender às questões de normas sanitárias para prevenção do Covid-19.
Frente a pobreza que a população é exposta e a total falta das políticas públicas de saúde a sua tendência é agir de forma correlata, eventualmente fazendo festas, jogos de futebol, etc, nada mais natural, já que o trabalho não deu descanso. A repressão policial serve ao propósito somente de endossar o poder de repressão sobre a população e mantê-la sempre em uma situação de opressão.