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Eleições 2020

Usar os responsáveis por Bolsonaro para derrotar Bolsonaro?

O resgate dos partidos e políticos do centro golpista significa atrelar os trabalhadores á burguesia

Muitas vezes na política apresentam-se as coisas de uma maneira inversa do que elas são efetivamente, como uma câmara escura de uma antiga máquina de fotografar. Certamente, se as encenações e conjecturas políticas fossem transparentes tudo seria mais simples, sendo mais fácil se posicionar. Mas não são. O papel da luta política é justamente produzir uma delimitação, através da elucidação das questões em jogo.

Nas eleições municipais de 2020, que estão servindo como um espaço preparatório para a sucessão de Bolsonaro, setores da esquerda apresentam como profunda prova de sabedoria política a noção estúpida de que para combater o facínora Bolsonaro seria preciso constituir uma aliança com os pais de Bolsonaro, ou seja os criadores da criatura.

Dessa forma, em diversas cidades do país a tônica é constituir frentes amplas com partidos do centro do regime burguês para formar um “polo democrático” em oposição ao governo da extrema direita, muitas vezes nem mesmo candidaturas bolsonaristas competitivas existem na localidade para “justificar” tal posição política.

Essa política perdura de diversas maneiras, em alguns casos são apresentadas candidaturas da esquerda reformista, mas que não entram para valer na disputa, e evitam inclusive o confronto com os partidos da direita “progressista”.

Um exemplo disso é o comportamento das candidaturas de esquerda em relação a candidaturas do DEM em duas capitais importantes. Em Salvador, a candidatura do atual prefeito ACM Neto, Bruno Reis, está à frente nas pesquisas, em parte devido ao fato da candidata Major Denice do PT evitar uma polarização, seguindo a política do governador Rui Costa de não confronto com ACM Neto. Por sua vez, no Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM) é apoiado tanto pela direta tradicional quanto indiretamente pela esquerda, o abandono da disputa por Marcelo Freixo (PSOL) é o caso mais evidente.

Em decorrência do golpe do Estado, o centro político burguês constituído pelo PSDB, DEM e MDB, e seus aliados do chamado centrão no Congresso Nacional aplicaram a política de terra arrasada contra as massas populares, mostrando que a derrubada do governo Dilma tinha evidentemente uma pauta econômica e social extremamente regressiva.

Essa política anti povo, aliada às constantes disputas internas, através de um grotesco espetáculo de denúncias de corrupção contra os promotores do golpe, que se apresentavam como vestais, mas na verdade não passavam de horda de bandidos levou ao esfacelamento do que restavam de popularidade dos partidos do centro e de políticos apresentados outrora todo poderosos como Aécio Neves, Eduardo Cunha, Geraldo Alckmin, entre outros.

Neste sentido, uma política fundamental perseguida pela burguesia é a reconstituição ou recomposição do centro político do regime político. Uma vantagem procurada com essa reestruturação é fazer o sistema eleitoral girar sob as bases mais consistentes, com mesma volatilidade em virtude da polarização política, entre extrema direita e PT. Além do mais, ter um centro forte, com políticos tradicionais mais comprometidos com os interesses dos grupos dominantes permite uma maior previsibilidade, e consequentemente mais estabilidade ao jogo político institucional.

Acontece que a política de apoio ao golpe de Estado e a necessidade de aplicação de uma política econômica ainda mais agressivamente neoliberal tende a aprofundar a crise, exacerbando com isso, a polarização. Neste sentido, mesmo com manobras eleitorais para fortalecer o centro, a pretendida estabilidade é muito improvável.

Neste sentido, sem o auxilio da esquerda na operação de reciclagem do lixo político que deu o golpe e promoveu a ascensão do capital ao Palácio do Planalto é inviável. Por isso, a frente ampla apresenta como isca política a “oposição a Bolsonaro”, apresentando variações cosméticas entre a direita “ civilizada” e Bolsonaro como sendo diferenças fundamentais.

No começo do ano, o governador de extrema direita de São Paulo, Doria, eleito no esquema bolsodória, montou uma campanha para se apresentar como de “oposição” ao governo Bolsonaro em relação a política adotada em relação a propagação da pandemia do Covid-19, na ocasião a esquerda alimentou a ilusão de ótica de que Doria, e outros governadores de direita seriam “ científicos” e defendiam a “ vida”, passado algum tempo, o governo de Sâo Paulo promove a abertura da economia no mesmo sentido de Bolsonaro.

Em relação as “disputas” entre o Congresso e Bolsonaro a mesma coisa, depois de muita negociação envolvendo cargos públicos e esquemas diversos, os partidos do centrão entram na base de sustentação do governo. Rodrigo Maia, que era apresentado como principal opositor de Bolsonaro, sendo inclusive convidado de honra para a live do 1 de maio das centrais, representa hoje o principal obstáculo constitucional para o prosseguimento do processo de impeachment do presidente Bolsonaro no Congresso Nacional.

O papel desempenhado pela Frente Ampla é resgatar o centro dos partidos golpistas que diante da crise dos políticos tradicionais impulsionaram a fraude política que elegeu Bolsonaro presidente. Esses partidos e políticos do centro não representam no fundamental outra política em relação ao golpe, sendo que eles foram os principais fiadores do Bolsonaro, e na prática sustentam o mesmo no governo. Acreditar que a frente ampla irá derrotar a política da direita não é apenas um erro político, como significa colocar os trabalhadores a reboque da direta golpista.

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