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Verde e amarelo

Usar as cores da direita é seguir a política da direita

PSOL, PCdoB, UP e PCB estão unidos em torno do convite para que os golpistas destruam o movimento que pode derrubar o governo

Na convocação do ato do dia 3 de julho, PSOL, PCB, UP e PCdoB estão dando uma lição do que é a “unidade da esquerda” que tanto falaram: a unidade em torno da bandeira do Brasil. Todas as contradições, divergências, disputas foram deixadas de lado, para que o verde-amarelismo entrasse sem qualquer medo de ser feliz.

Qual seria o tamanho de tanto patriotismo? Ora, para que todas essas organizações, sem contar os grupinhos que orbitam em torno deles, estivessem tão alinhados a uma mesma política, seria necessário alguma força muito grande, algo que pressionasse todos eles para que adotassem uma mesma posição. Se no momento a luta mais importante no País se dá entre a mobilização dos trabalhadores contra o regime político golpista e a reação cada vez mais violenta desse regime contra os trabalhadores, então para entender o que provocou a unidade, basta responder à seguinte pergunta: é a força da mobilização que atraiu esses grupos para o verde amarelo ou o regime político golpista e bolsonarista?

Da mobilização, obviamente que não é. Nenhum, absolutamente nenhum fato que serviu de preparação para as mobilizações do dia 29 de maio e do dia 19 de junho tinha o verde e amarelo. Isto é, o ato de primeiro de maio na Praça da Sé, a atividade dos comitês de luta, a revolta contra o massacre do Jacarezinho, os saques e o enfrentamento com a polícia durante o apagão no Amapá ocorreram sem a presença de qualquer bandeira do Brasil.

Já da burguesia a pressão é evidente. A imprensa burguesa, representada pela Veja e pela Folha de S.Paulo, está pedindo abertamente para que a esquerda deixe as bandeiras vermelhas em casa e abrace o verde e amarelo. No último ato em São Paulo, havia um verdadeiro esquema para que houvesse bandeiras do Brasil nos atos, que incluía distribuição gratuita das bandeiras. Não bastasse tudo isso, a própria história recente já mostrou a relação entre a direita e o verde e amarelo: as manifestações de 2013 foram sequestradas a partir do momento em que a direita se infiltrou usando o verde e amarelo e obrigando a esquerda a baixar suas bandeiras. Daí em diante, o verde e amarelo tornaram-se — e ainda são assim — as cores oficiais do bolsonarismo (embora já fossem, desde sempre, as cores da burguesia reacionária).

O uso do verde e amarelo é uma política da direita, e não da esquerda. Nunca foi da esquerda e é bastante claro, graças ao bolsonarismo, que é uma política dos inimigos do povo. Porque, finalmente, é uma política de quem não tem política. O programa da esquerda é claro: o vermelho é a esquerda, que defende os oprimidos, que defende os trabalhadores. Que é historicamente contra as privatizações, contra a política neoliberal, a favor da atividade sindical, das greves, das ocupações etc. E o que o verde e amarelo significa? Nada! E por que seria importante trocar a bandeira vermelha pela verde e amarela? Ora, porque, para a burguesia, isso significa substituir o programa da esquerda por qualquer coisa. E essa “qualquer coisa” é sempre o exato oposto do que o povo quer.

Se o ato não é em defesa do povo, mas sim por “qualquer coisa”, qualquer oportunista pode se aventurar de ir aos atos. Não é à toa que Roberto Freire, oportunista de primeira linha, que jogou a terra por cima do caixão do PCB e teve cargo no governo Temer, se sentiu à vontade para ir aos atos. Em atos em que o verde e amarelo predomina, predomina a enrolação e a demagogia: é a morte de qualquer ato combativo.

Os setores que querem trazer o verde e amarelo para as manifestações são, em alguma medida, conscientes do que estão fazendo. Qualquer um que saiba alguma coisa de política sabe que, na história de todos os movimentos que tiveram sucesso, não houve um que fosse guiado pela bandeira nacional. Seu objetivo é claramente, conforme falam, alguns mais, outros menos abertamente, trazer “outros setores” para as manifestações. Isto é, a propaganda da “frente ampla”, segundo a qual o povo não deveria resolver seus problemas por suas próprias mãos, mas deveria depositar todas as suas esperanças nos mesmos pilantras que derrubaram o governo Dilma Rousseff e colocaram Lula na cadeia.

Ou seja, a esquerda está fazendo propaganda e permitindo que os inimigos do povo se infiltrem nos atos. É um convite aberto para que os inimigos do povo entrem nos atos. É um convite para que Alexandre Frota, Rodrigo Maia, Fernando Henrique Cardoso e outros tantos conspiradores andem lado a lado com aqueles que estão sendo atacados pelo golpe que eles deram. Que não querem apenas um regime golpista sem Bolsonaro, mas sim a derrubada do regime.

O que é preciso deixar claro é que a necessidade de trazer a direita para os atos não vem da esquerda. A esquerda já tem o povo, já tem as centenas de milhares que foram às ruas e as dezenas de milhões que estão revoltados com o governo. Já tem os milhões e milhões de pessoas que dariam a vitória eleitoral para Lula no primeiro turno, segundo pesquisas da própria imprensa golpista. A necessidade é da burguesia. A direita viu que os atos são grandes e tendem a crescer e não pode permitir que isso aconteça. Está tentando impor sua política reacionária para acabar com os atos da esquerda através da própria esquerda. Essa esquerda está servindo de correia de transmissão da direita golpista.

O que a direita quer é transformar os atos em um gigantesco pato da Fiesp e a esquerda está servindo a esses interesses ao fazer campanha do verde e amarelo. O verde e amarelo são um caminho para que a direita tome conta dos atos, o que seria a destruição dos atos e jogar no lixo todo o trabalho que a esquerda teve até agora para levar o povo na rua, seria um balde de água fria nas milhões de pessoas que sonham em derrubar Bolsonaro e derrotar os golpistas, nesses que necessitam auxílio emergencial, emprego e vacina, na base popular da esquerda.

As mobilizações têm o potencial para derrubar o governo e a própria burguesia está ciente disso. Cabe aos setores mais combativos no movimento, que estão nas ruas desde o início da pandemia, que lutaram contra o golpe e contra a prisão de Lula, garantir que ele seja vitorioso e combater energicamente quem quer entregar os atos para os pais do bolsonarismo.

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