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Direita golpista

Uruguai: o avanço do golpismo e da extrema-direita

Aparentemente uma alternância de poder institucional estaria ocorrendo no país vizinho, mas o quadro político geral logo demonstra que se trata de mais um golpe da direita

O Uruguai acaba de passar por eleições presidenciais. À primeira vista, poderia dar a impressão de que é um processo político normal, em que uma eleição normal estaria servindo para trocar de governo institucionalmente. Ou seja, tratar-se-ia de um mecanismo para alternar o governo sem um golpe de Estado, diferentemente do que vem sendo feito por toda a América Latina no último período. A direita estaria assumindo o governo por meios democráticos sem nada de extraordinários, e o regime político estaria portanto intacto, restando discutir a estratégia eleitoral para a esquerda voltar ao governo daqui a quatro anos. O quadro mais amplo da região, porém, demonstra que não é assim.

 

Extrema-direita

A se confirmar a vitória eleitoral da direita essa semana, depois de uma votação muito apertada acontecida no último domingo (24), não se tratará simplesmente de uma derrota eleitoral de Daniel Martínez, pela Frente ampla, diante de Luis Alberto Lacalle Pou, do tradicional Partido Nacional, da direita tradicional do regime. Lacalle Pou teve apoio de toda a direita do país para derrotar Martínez, com uma ampla campanha golpista e a mobilização de elementos de extrema-direita, animados pela campanha do Cabildo Abierto nas eleições.

 

General Manini Ríos

O Cabildo Abierto inclui o general Guido Manini Ríos, demitido em março do comando do Exército por fazer declarações contra a punição de militares que cometeram crimes durante a ditadura, torturando, matando e desaparecendo com militantes políticos. Ríos pediu votos para os militares em sua chapa de extrema-direita, e depois disso apoiou Lacalle Pou. Ou seja, caso se confirme a eleição de Lacalle Pou, trata-se de uma eleição da direita com apoio da extrema-direita. E o governo terá participação dessa extrema-direita.

 

Plebiscito

Outro sinal alarmante foi um plebiscito votado juntamente com as eleições durante o primeiro turno. Uma proposta que previa um endurecimento das leis e dava mais poder aos militares, chamada “Vivir sin miedo”, que foi rejeitada com pouco mais da metade dos votos. A chamada “segurança pública”, com o aumento de homicídios no país, foi mote da campanha da extrema-direita para mobilizar seus elementos ao longo do ano. Se fosse aprovada, essa lei já levaria o país imediatamente para um regime político mais fechado, pronto para o momento em que a direita assumisse a presidência depois da vitória eleitoral de Lacalle Pou.

 

Golpe

Portanto, uma vez no governo, a direita, com participação da extrema-direita em sua equipe, deverá começar a tomar medidas para fechar o regime progressivamente, até chegar a uma ditadura. É o mesmo movimento que vem sendo feito pela direita em todo o continente. Antes da votação do primeiro turno, e do plebiscito, houve uma grande marcha contra a direita em Montevidéu. A direita golpista no governo querendo fechar o regime e o antecedente de um protesto que já aconteceu na capital anunciam um embate no país no próximo período.

Trata-se de uma expressão do mesmo embate que se reproduz em toda a região, em que as massas se enfrentam com o imperialismo, principalmente dos EUA. A esquerda precisará superar sua política conciliadora e sua crença nas instituições. Enquanto isso,a  direita golpista tratará de levar adiante sua política golpista de dentro do governo, preparando-se para tirar direitos dos trabalhadores, atacar as condições de vida de amplos setores e reprimir violentamente qualquer reação. É um golpe de Estado feito de dentro do governo, que seria feito de fora do governo se a direita perdesse as eleições.

O fato de que houve eleições ofusca o que realmente aconteceu, mas é preciso compreender bem isso: o Uruguai também está passando por um golpe de Estado. Da mesma forma que aconteceu na Argentina, em que o fato de que o golpista Macri foi eleito também confundiu o panorama político do país. É preciso entender bem essa situação, para notar mais uma peça da política do imperialismo na América Latina, uma política de dominação geral e de um controle exercido de muito perto, por meio de capachos direitistas do imperialismo.

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