Logo após as argentinas, as eleições uruguaias estão cada vez mais próximas e o senso aguçado do oportunismo imperialista está a todo vapor nesse que é um dos poucos países em toda América Latina que ainda mantiveram um governo mais a esquerda.
O fato de não ter havido nenhum golpe de Estado em um país como o Uruguai chama a atenção, pois de acordo com toda propaganda feita pela esquerda pequeno-burguesa este seria justamente o país com o governo mais a esquerda possível, supostamente garantindo inúmeras medidas democráticas como a liberação da maconha.
No entanto, tirando algumas políticas sociais e democráticas, fica evidente que a razão do imperialismo ainda não ter derrubado o governo Uruguai deve-se ao fato que o mesmo até agora nunca representou uma real ameaça aos seus interesses na região.
Formando um governo ultra moderado, a FA (Frente Ampla) teve até hoje um governo que garantiu certas conquistas populares em um acordo com a burguesia para acalmar a situação de crise no país.
Muito ligada ao nome de Mujica, os uruguaios viveram um período de estabilidade social, com os ânimos apaziguados por este governo. No entanto, como uma forte demonstração de a que nível atingiu a crise capitalista mundial, o imperialismo não consegue nem mais tolerar governos como este da FA e inicia nestas eleições uma grande campanha pelo candidato Lacalle Pou do Partido Nacional, tradicional partido da burguesia, que busca aprofundar os ataques contra a população uruguaia, emplacando uma candidatura que representa a entrada total do país nas mãos do imperialismo.
A imprensa burguesa busca tratar de forma diferente estas eleições. A própria Folha de São Paulo trouxe matérias sobre o assunto em um tom muito mais tranquilo que o normal. De acordo com a mesma, as eleições uruguaias contém candidatos não radicais, que levam consigo a continuidade de um projeto de país que defenderia a democracia, os direitos das mulheres, dos LGBTs, etc.
Tal postura denota alguns fatores importantes para se entender a situação uruguaia. O primeiro explicita que o regime político já está na mão do Imperialismo, independente do resultado das eleições a burguesia não sofrerá muito com o próximo governo, deixando claro que o país hoje já está quase por completo no domínio do imperialismo.
Outra questão bem clara é a tranquilidade que a imprensa burguesa leva as eleições uruguaias, o que dá a entender o controle total sobre ela e que a segurança na vitória do candidato direitista é quase por completa, já que como a mesma imprensa diz, o partido Nacional conta com 48% das intenções de voto.
Por outro lado a campanha da burguesia também busca colocar o partido Nacional como um representante do “centro” político. Um partido que de acordo com o imperialismo, não seria radical como Bolsonaro ou Macri, e representaria uma postura democrática.
Este posicionamento é o mesmo contido nas candidaturas de Alckmin nas últimas eleições brasileiras e da preparação de Luciano Huck como futuro candidato “democrático” e “não radical” que, como já é de se imaginar, é na verdade a candidatura ideal para o imperialismo.
Sendo assim, a esquerda vitoriosa no primeiro turno não foi suficiente para conter a direita que fez amplo bloco para o segundo turno das eleições. Caso a esquerda não deseje entregar de mãos beijadas o governo ao imperialismo, é necessário uma postura mais dura, que defenda os interesses da população contra o golpe que a burguesia busca dar nessas eleições.