O governo de extrema-direita de Lacalle Pou, no Uruguai, aproveita a paralisação por conta da pandemia do coronavírus para passar um pacote de leis com 502 artigos, no qual estão uma série de medidas de aumento à repressão, diminuição de liberdades individuais, restrições a liberdades de manifestação e que no plano econômico criam limites de gastos para várias áreas, demite funcionários públicos e altera a maneira como são geridas as empresas estatais, abrindo caminho para privatizações.
O texto também revoga uma série de leis aprovadas durante os governos da Frente Ampla, de Tabaré Vazquez e Pépe Mujica, além de abrir caminho para alterações na área da educação e que “abre um debate” sobre a previdência da população, além de abrir caminho para colocar áreas ambientais protegidas por lei nas mãos de capitalistas.
Algumas leis são direcionadas aos jovens e adolescentes, restringindo seus direitos, como o aumento do limite de 2 para 10 anos de prisão para adolescentes, o que chamou a atenção até mesmo da organização imperialista da Unicef, ligada à ONU. O texto também aumenta a autonomia dos órgãos de repressão no país, dando mais poderes às forças armadas.
O pacote com as leis não tem nenhuma relação com a pandemia do coronavírus, ainda assim, o governo de Pou trata as leis com extrema urgência, já que deseja aproveitar a calmaria dos sindicatos e dos partidos de esquerda pequeno burgueses para conseguir passar a lei sem nenhum tipo de confronto ou resistência.
É interessante notar como se comporta a esquerda diante disso. Assim como no Brasil, a única resposta está em clamar para as instituições, chamando a lei de inconstitucional e criticando a maneira como a lei foi apresentada, ao invés de chamar a população para se mobilizar contra os ataques da extrema direita.
É importante ressaltar que o governo de Lacalle Pou é também um governo ilegítimo, assim como no Brasil. Apesar de sua eleição ter sido tratada como democrática pela imprensa burguesa e até pelos partidos de esquerda do Brasil e do Uruguai, Lacalle Pou só conseguiu se eleger com o apoio da extrema-direita uruguaia, que agiu de forma violenta contra a população do país ao melhor estilo fascista, fazendo com que a esquerda recuasse muito nas eleições.
Só há uma saída para a população do Uruguai -assim como só há uma saída para a população brasileira, chilena, colombiana, norte-americana e de todo o planeta- que é a mobilização contra os governos de direita e de extrema-direita. Assim como no Brasil a palavra de ordem é “Fora Bolsonaro”, no Uruguai a palavra de ordem deve ser “Fora Lacalle Pou”.
