Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com a USP, desenvolveram um teste capaz de identificar o contágio pelo Covid-19 em apenas 5 minutos, contra 7 dias do PCR, teste atualmente aprovado pelo SUS, e pelo preço de R$ 40,00 contra 150 reais do importado utilizado. Iniciativas semelhantes estão sendo desenvolvidas na UFOP. Os detalhes técnicos foram amplamente discutidos em órgãos com a pretensão de serem menos politizados, para nossa discussão, o caso é ilustrativo do fato de que há inteligência de sobra no Brasil para prover ao povo meios mais seguros de sobreviver à ameaça imposta pela pandemia, com soluções nacionais, melhores na eficiência e no custo.
Outro item necessário em função do surto da pandemia são os respiradores. Importados e com faixa de preço variando entre R$50 mil a R$150 mil, o Brasil tem empresas que produzem o equipamento mas em uma escala muito baixa: cerca de 2 mil por mês. Em seu (até o momento) recorde de vítimas fatais em decorrência do Covid-19, a Itália tinha mais de 26 mil pessoas hospitalizadas demandando respiradores. Diante da dificuldade do capitalismo brasileiro (atrasado) em atender essa necessidade, coube à USP produzir cerca de 10 mil respiradores, com o custo de mil reais cada. UFRJ também apresenta projetos em estágio avançado nesse sentido.
Os casos brasileiros não são os únicos. Na Inglaterra, empresas como Dyson e Gtech e a indústria automobilística participam do esforço concentrado para produção de equipamentos diversos, desde respiradores a máscaras e outros itens. As empresas da Fórmula 1, que tiveram suas atividades paralisadas em razão da pandemia, estão aderindo também a economia de guerra para superar abastecer o sistema de saúde com os insumos necessários. Depois de ver o contágio explodir no país, infectando mais de 170 mil cidadãos e matando mais de 3 mil, os Estados Unidos ordenaram gigantes industriais, especialmente do ramo automotivo, como Ford e GM, a usarem suas fábricas para produção em larga escala destes equipamentos. Outras empresas já fazem parte de um esforço conjunto para suprir a demanda por respiradores na nação que se tornou o epicentro dos contágios pelo Covid-19, com quase 100 mil casos a mais do que a China, onde a pandemia teve início.
Essas informações são divulgadas na máquina de propaganda capitalista como uma mensagem de otimismo e esperança mas à classe trabalhadora, interessa o questionamento: se os meios técnicos para suprir as deficiências da economia de mercado estão à disposição e inteligência não falta, por que só agora a capacidade econômica dos países está sendo orientada para combater a ameaça viral conhecida desde fins de dezembro do ano passado? Qual a razão de quase 800 mil infectados e mais de 30 mil mortos (segundo as estatísticas oficiais, nos países atrasados o fenômeno da subnotificação precisa ser lembrado) se fica evidente agora que a dificuldade maior no combate à pandemia não está na técnica mas na política? A falta de vontade de todos os governos imperialistas e seus regimes fantoches (com destaque ao governo do Brasil) em enfrentar a crise nos lembram um fato inquestionável: o imperialismo, manifestação concreta da profunda decadência do sistema capitalista, é uma ameaça constante ao conjunto da humanidade, inclusive a seus próprios cidadãos.
Erradicar essa ameaça é a tarefa mais importante das vanguardas revolucionárias mundiais. Se aos imperialistas não falta loucura na hora de atacar o proletariado mundial, tampouco aos revolucionários pode faltar audácia em trabalhar pelo fim desses sistema de opressão. Em nosso país, isso envolve, fundamentalmente a derrubada do governo fantoche de Bolsonaro. É preciso uma ampla mobilização capaz de derrotar o regime golpista, ao mesmo tempo que estabeleça o controle operário da indústria nacional e o controle dos estudantes sobre as universidades, de modo a garantir que ambas funcionem no pleno interesse das maiorias que precisam tanto da indústria quanto da academia. E tudo começa com uma palavra de ordem: Fora Bolsonaro!