Em meio a pandemia de Covid-19 e a crise econômica global, que está apenas começando, estudantes de baixa renda que vivem no conjunto residencial da USP (CRUSP), moradia de cerca de 1500 pessoas, se encontram em situação precária, sem suas necessidades básicas atendidas. O alojamento está com falta fogões e outros equipamentos de cozinha, não há internet nem lavanderia e há constantes faltas de água, falta de gás, problemas com o sistema de energia elétrica, lâmpadas em falta, não há nem certeza sobre a segurança estrutural do prédio.
Os moradores organizados em uma associação pautaram diversas demandas à superintendência de assistência social (SAS) como a manutenção das cozinhas, abastecimento de álcool gel, reforma do prédio, dispensa dos trabalhadores terceirizados para que possam cumprir quarentena, dentre outros. Apesar de promessas nenhuma reivindicação foi realizada até agora e a reitoria afirma que os culpados pelo estado das cozinhas são os próprios moradores. Na universidade pública com o maior orçamento do país cujo alojamento poderia ser uma referência nacional e internacional a reitoria prefere culpar o povo pelo seus problemas ao invés de investir nas necessidades, no bem estar e na saúde dos estudantes como é o seu dever.
A maior parte dos moradores do CRUSP são pessoas de baixa renda provindos de outros estados, e na sociedade de castas em que está se cristalizando durante essa pandemia apenas a burguesia e parcelas das classes médias terão direito a quarentenas reais. Enquanto isso o povo pode fazer sua falsa quarentena sem renda, sem acesso alimentos, sem materiais básicos de higiene e até mesmo sem água (na última semana o CRUSP ficou sem abastecimento água). O restaurante universitário, cuja grande parte dos estudantes dependem para sua alimentação diária, está com grandes riscos de fechar e caso as cozinhas não sejam reformadas rapidamente os estudantes terão enorme dificuldade de garantir sua própria alimentação.
A USP foi uma das primeiras universidades com casos do vírus corona confirmados ainda no início de março, mesmo assim a reitoria não investe no CRUSP e mantém os estudantes em situação precária e de grande risco de contaminação. É desta forma e em condições ainda piores nas periferias de São Paulo e ao redor do Brasil que está sendo aplicado a política quarentena, que por si só, sem os enormes investimentos em saúde pública necessários, não irá conter a pandemia.