Washington Quaquá, presidente do PT do Rio de Janeiro, quer combater a extrema-direita aliando-se à direita, que ele chama de “centro democrático”. É o que afirma em coluna de opinião publicada no sítio Brasil 247 em 8 de agosto, sob o título “PT: Só vence quem amplia!” Quaquá afirma o seguinte: “Cabe a nós do PT buscar uma ampla aliança com o centro democrático. Os que acham que ele não existe, deviam se juntar aos que acham que a terra é plana.”
Segundo Quaquá, haveria inclusive um exemplo prático de que buscar o “centro democrático” funciona no combate à extrema-direita. Referia-se à anulação da transferência de Lula para Tremembé, que mobilizou 12 partidos no Congresso e o STF como um todo. Entre esses partidos, estava até o DEM, que participa do governo Bolsonaro e foi um dos principais agentes do golpe de 2016. Para Quaquá “a resposta dada a tentativa arbitrária, desumana e autoritária de levar o presidente Lula para uma prisão comum em São Paulo […] tem na imagem de Fernando Haddad apertando a mão do presidente da câmara Rodrigo Maia uma Foto emblemática e necessária”.
Ou seja, para Quaquá, o “centro democrático” incluiria o DEM, partido que saiu da ARENA, da ditadura militar. E a esquerda deveria procurar fazer uma aliança com esse partido para poder derrotar a extrema-direita. O contrário disso seria ser a “outra face” do bolsonarismo, falando só para sua própria base. “A esquerda deve abandonar a tática burra do Bolsonarismo de falar só para seu público e tratar de buscar alianças com todos os democratas que querem reconstruir o estado democrático de direito”, diz Quaquá.
Essas considerações pressupõem que os polos da situação política seriam fixos. O bolsonarismo teria 30% (um extremo exagero) de um lado, e o PT 30% de outro. No centro estaria o resto, com o qual caberia se aliar, em um simples problema de somar qual seria a aliança maior. A situação, no entanto, não é assim. Essa aliança que Quaquá defende do PT com a direita seria um deslocamento à direita do próprio PT. Isso só favoreceria o deslocamento ainda maior no regime como um todo à direita.
Por outro lado, se houver mobilização contra a direita, e não uma aliança com a direita, então é possível derrotar a extrema-direita e o bolsonarismo. Especialmente nesse momento propício para a mobilização.