O objetivo desta matéria é polemizar, não com um indivíduo em específico, mas com uma ideia, que volta e meia aparece dentro do movimento popular no Brasil. Tanto no caso das denúncias da Lava Jato, quanto no caso da Educação, ou mais recentemente no caso da Amazônia, vimos setores pedindo “Fora Moro”, “Fora Weintraubb” (embora essa seja particularmente difícil de se pronunciar em gritos de guerra) e “Fora Salles”. Afinal, estariam essas palavras de ordem corretas?
A resposta é não.
Primeiramente por que se trata de uma tentativa de gerir o próprio governo Bolsonaro, que pela sua própria natureza é um governo profundamente direitista. Não cabe à esquerda e ao movimento popular dar “pitacos” em um governo de direita, e sim mobilizar e efetivamente lutar contra ele. Mas também por que, embora no caso dos militantes possa ser uma vontade genuína de lutar contra o governo, na prática este movimento é capitalizado pela ala direita da esquerda, que procura evitar a todo custo a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”.
E mais, no caso da Educação, convém lembrar que Weintraubb na realidade já é o segundo ministro no cargo. O primeiro era outro, também profundamente direitista, mas mais desajeitado, acabou caindo rapidamente. No que resultou a entrada de Weintraubb? No massacre às universidades e outras instituições do ensino público federal.
Na realidade, ao contrário do que insiste um setor da esquerda, a luta contra o governo Bolsonaro e o golpe de Estado não será vitoriosa para o movimento popular caso ela seja uma luta parcial. Todas as experiências políticas do último período comprovam esta realidade. Tivemos a oportunidade de testar essa política no caso da reforma trabalhista, aprovada por Michel Temer, e mais recentemente, na questão da reforma da previdência. Em ambos os casos, a mobilização parcial, específica para cada uma das reformas, não foi o suficiente para impedir a direita que as aprovasse. A luta contra cada um dos ataques desferidos pela direita, além de inviável, afinal são dezenas de ataques todos os dias, é completamente ineficaz.
Por causa de tudo isto, é fundamental centralizar todas as pautas parciais, que são muitas, em reivindicações centrais. Neste momento, é preciso que a esquerda, a classe operária e os movimentos populares se unifiquem pela derrubada deste governo fraudulento e direitista, antes que todo o país pegue fogo, e pela liberdade do maior líder político do Brasil, que segue preso injustamente. Devemos unificar todas as lutas em torno dos eixos centrais de “Fora Bolsonaro”, “Liberdade para Lula” e “Novas Eleições”.