No dia 28 de setembro de 2018, foi consagrada uma das maiores fraudes eleitorais de toda a História brasileira recente. O capitão reformado Jair Bolsonaro e o general da reserva Hamilton Mourão foram transformados pelo Regime Político em presidente e vice-presidente eleitos.
Nem Bolsonaro, nem Mourão possuem vínculo com o movimento operário, nem são lideranças populares, tampouco gozam de algum prestígio entre as massas. Se não fosse assim, a burguesia não teria precisado utilizar todo o seu arsenal de fraudes para eleger seus candidatos.
Mesmo com todo o esforço da direita para eleger a chapa presidencial do PSL, Bolsonaro e Mourão sequer conseguiram atingir metade dos votos nas eleições desse ano. Se somados os votos obtidos pelo candidato petista Fernando Haddad e os votos nulos, brancos e as abstenções, será facilmente comprovado que Bolsonaro mobilizou, no máximo, 39% do eleitorado em prol de sua candidatura.
Dentre as diversas manobras que a burguesia utilizou para “eleger” o impopular Bolsonaro, que é apoiado por banqueiros e latifundiários, a principal consistiu no impedimento da candidatura do ex-presidente Lula. Maior líder popular, eleito duas vezes presidente, fundador de um dos maiores partidos de esquerda do mundo e fundador da maior central sindical da América Latina, Lula era o candidato que correspondia, nessas eleições, à forte tendência de luta contra o golpe por parte dos trabalhadores.
O impedimento jurídico arbitrário da candidatura de Lula, que foi condenado sem provas, preso sem ter sido completamente julgado e impugnado em um ato inconstitucional, dispersou eleitoralmente os setores que lutam contra o golpe. O caminho para derrotar os golpistas, para libertar Lula e para forçar que a burguesia aceitasse Lula como presidente não poderia ser outro a não ser a denúncia da fraude eleitoral e a mobilização contra o golpe. No entanto, não foi isso que as direções da maioria das organizações da esquerda nacional decidiu fazer, entrando em uma “festa eleitoral” completamente paralisante.
A vitória, ainda que parcial e artificial de Jair Bolsonaro mostrou que a única forma de derrotar os golpistas é através da mobilização revolucionária dos trabalhadores. Afinal, os golpistas não estão dispostos a respeitar nenhum “pacto democrático” – só irão parar de massacrar os trabalhadores quando se sentirem verdadeiramente ameaçados.
Nesse momento, em que é imperativo reorganizar o movimento de luta contra a direita, está lançada a Segunda Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo. Prevista para acontecer nos dias 8 e 9 de dezembro em São Paulo, a Conferência será a atividade de luta mais importante após a eleição fraudulenta.
Seguindo os parâmetros da Conferência anterior, realizada no mês de julho, a Segunda Conferência consistirá em dois dias de intenso debate sobre a situação política no Brasil dominado pelos golpistas. Muito mais do que um debate acadêmico, as discussões da Segunda Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo servirão sobretudo para orientar o movimento de luta contra o golpe na etapa pós-eleições.
A Conferência Nacional Aberta também é um momento único porque permite a reunião de militantes e ativistas de todas as regiões do país e das mais variadas organizações populares. De indígenas a sindicalistas, milhares de pessoas são esperadas para a realização da Segunda Conferência.
A principal tarefa do momento não consiste em outra coisa a não ser unir os trabalhadores pela derrubada do governo Bolsonaro e pela derrota dos golpistas. Nesse sentido, a Segunda Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo terá um papel crucial para mobilizar os trabalhadores em torno das palavras de ordem necessárias: “Fora Bolsonaro!”, “Liberdade para Lula!”, “Assembleia Constituinte!”, “Fora todos os golpistas!”.