Na semana que passou, na última quinta-feira (27), em debate realizado por três órgãos da imprensa progressista (TV 247, Fórum e DCM) com a participação dos presidentes de PT, PCdoB, PSOL e PCO, o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, fez uma proposta aos demais partidos de esquerda: para tornar as eleições uma arma eficaz contra a direita é preciso uma unificação em torno da defesa da candidatura de Lula.
Muito se fala em unidade da esquerda. O problema, com muita frequência, é colocado de uma maneira abstrata, tanto nas eleições como na luta cotidiana. A grande questão da unidade é saber quais são as bases reais para ela, o que está em jogo, em que situação é possível se aliar com tal ou qual organização.
A proposta feita pelo PCO não procura uma unidade abstrata em torno da possibilidade cada vez mais remota de se conseguir um cargo nas eleições municipais. O PCO sequer tem na eleição uma atividade central de sua política, não alimenta as ilusões eleitorais como faz todo o restante da esquerda.
No entanto, a proposta de uma unidade prática em torno da candidatura de Lula é capaz de unificar dentro e fora das eleições. Para a esquerda que valoriza a eleição como um fim de sua política, Lula é a única opção eleitoral em condições de enfrentar a máquina da burguesia. O único candidato que tem um apelo popular real que independe dessa máquina burocrática é Lula.
A unidade de toda a esquerda para defender que Lula seja candidato em 2022 é a única forma de usar as eleições para mudar a relação de forças no regime – que nesse momento é desfavorável – e golpear com força a direita e a extrema-direita golpistas. Ao mesmo tempo, a luta em torno da defesa de seu direito de ser candidato e depois em defesa de sua candidatura é uma arma importante para a mobilização.
A campanha é uma forma de lutar contra a ditadura que foi imposta no regime político e que tem na sua prisão e cassação de seus direitos a principal expressão.
Em segundo lugar, a candidatura de Lula é uma arma para mobilizar. O PCO está propondo uma campanha política que pode mobilizar o povo contra a direita, contra os ataques dos golpista etc. Não se trata de colocar que as eleições irão resolver o problema por si só.
Alguns setores disseram que a proposta seria prematura. Não é fato. Para poder lançar a candidatura de Lula é preciso criar um movimento que seja capaz de pressionar a direita a devolver os direitos políticos do ex-presidente. É preciso criar um movimento inclusive que convença a esquerda a adotar essa proposta. Portanto, é preciso começar desde já essa campanha.
Dentro da própria esquerda há uma enorme confusão em torno da luta pela candidatura de Lula. Setores da esquerda repetem como papagaios a campanha da direita de que o PT e Lula estão isolados, de que a esquerda precisa de um novo nome. Os que defendem isso são os mesmos que não denunciaram e até hoje não denunciam a fraude eleitoral de 2018 que colocou Lula na cadeia para eleger Bolsonaro.
A ideia de que seria possível inventar um nome que substituísse Lula é uma ideia infantil e despolitizada. Uma liderança com metade da popularidade de Lula não se inventa, não se cria do nada apenas da vontade de algum esquerdista, não há receita para isso.
Mesmo se fosse possível essa mágica, a situação política não permite tais divagações. O centro da situação política é a luta contra o golpe e a direita.
Não há possibilidade de uma unificação real de amplas setores das massas em torno de outro nome que não seja Lula.
É preciso começar desde já uma campanha pela candidatura de Lula.. Colocar em discussão na esquerda, nos sindicatos, organizações populares. Será preciso muito trabalho para vencer a resistência e a confusão na própria esquerda.
Para os que acham que a esquerda precisa se unificar, esta é uma proposta. Mas a unidade não virá sem uma forte pressão vinda debaixo.
A campanha pela candidatura de Lula deve estar junto com a campanha pelo fora Bolsonaro. Não como uma ilusão eleitoral, mas como uma alavanca para uma verdadeira mobilização popular.