O êxito das mobilizações dos dia 29 de Maio, quando centenas de milhares de pessoas foram às ruas expressando a gigantesca revolta contra os governos genocidas de Bolsonaro e de toda a direita que já levaram à morte meio milhão de brasileiros e fizeram a vida da imensa maioria retroceder como nunca, como desemprego, fome e miséria, colocou de forma concreta o caminho para derrotar essa ofensiva e conquistar as reivindicações do povo explorado diante da crise: a mobilização de milhões nas ruas.
Como já havia apontado o 1º de Maio de Luta, realizado na Praça da Sé e muitas outras mobilizações, essa mobilização só pode ser vitoriosa se for feita com total independência política e organizativa daqueles que são, junto com Bolsonaro, responsáveis pela situação atual. A direita golpista que deu o golpe de Estado, derrubando a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, que armou a criminosa operação Lava Jato, que condenou e prendeu o ex-presidente Lula, de forma ilegal para garantir a fraude das eleições de 2018, na qual eles “elegeram” Bolsonaro.
Por isso mesmo, só estão – de fato – do lado das mobilizações as organizações de luta dos trabalhadores e da juventude. Os partidos burgueses querem fazer o povo de tolo, semeando ilusões na farsa da CPI da pandemia ou que a saída para crise virá de medidas do Judiciário golpista ou de articulações no antro de bandidos que é o Congresso Nacional, dominado pela direita. Também não apoiam as mobilizações de rua, as “centrais” pelegas, como a Força Sindical e a UGT, “paus-mandados” da FIESP e dos partidos golpistas como PSDB, PSD, DEM, MDB etc.
A direita bolsonarista e seus aliados sentiram o golpe, mas não estão dispostos a ceder absolutamente nada que diga respeito aos interesses dos seus senhores – os banqueiros, o imperialismo, o agronegócio etc. – para o povo. Pelo contrário, buscam intensificar – por todos os lados – a ditadura contra o povo, com repressão às mobilizações, impunidade e condecoração dos militares e políticos golpistas e mais farsa no Congresso Nacional.
É o povo explorado que precisa tomar as ruas com suas organizações de luta, com os partidos de esquerda, com a CUT, os Sindicatos, as organizações populares, dos sem terra, dos sem teto, do movimento estudantil, da luta dos negros, das mulheres, enfim de todos os explorados.
A condição primordial para que o dia 19 seja o que precisa e pode ser é que a esquerda se mantenha unida, tenha uma atitude democrática, não tenha disputas atacando os outros como uns tentam fazer ao atacar o PT e o ex-presidente Lula (as divergências devem ser tratadas em outro âmbito, não na mobilização, onde deve haver a máxima unidade em favor da mobilização).
É hora, portanto, de avançar na mobilização. De fazer do dia 19 e das próximas mobilizações armas ainda mais poderosas para intensificar a crise da direita e levar à queda do governo.
Para isso, é preciso trazer para as ruas os setores mais combativos e mais organizados da classe trabalhadora brasileira, a classe operária que com seu trabalho constrói toda a riqueza e pode parar o País. Precisam se colocar à frente dessa mobilização a CUT com seus poderosos sindicatos dos metalúrgicos, petroleiros, bancários, professores, dos trabalhadores dos Correios etc., junto com as demais organizações dos explorados do campo e da cidade.
Precisam tomar a dianteira da mobilização, junto com os trabalhadores e a juventude, os partidos de esquerda, com suas bandeiras vermelhas, para impedir que ocorra o que se deu em 2013, quando a grande revolta popular foi derrotada e o movimento dominado pela direita.
É preciso impedir qualquer possibilidade da direita tomar conta das mobilizações (que neste momento de alta das mobilizações é pequena mas existe). Para isso é preciso rejeitar todos os golpes e armadilhas da direita golpista, como a tentativa de desviar o movimento para reivindicações que não são as do povo, como a Globo e o os poderosos capitalistas do setor esportivo que querem se opor à Copa América no Brasil, porque a Globo perdeu o direito de transmissão para uma concorrente e porque a desmoralização do futebol brasileiro e do nosso povo é um objetivo permanente destes setores comandados pelo imperialismo.
A esquerda, de modo algum, pode se dividir e cometer, por exemplo, o erro de querer ir aos atos de verde e amarelo, cores dominadas pelo bolsonarismo, abandonando a cor da tradição da luta da classe operária e do povo explorado: o vermelho.
A esquerda deve marchar unida, em torno dos acertados eixos centrais levantados para a mobilização em curso, a luta por vacina para todos – para o que é preciso a quebra das patentes e o controle popular da vacinação; por auxílio emergencial de verdade – que hoje não poderia ser de menos de um salário mínimo e da defesa do Fora Bolsonaro, que precisa ser derrotado com toda a direita.
As mobilizações do dia 19 tendem a ser ainda maiores do que as do dia 29/5, isso pode ser mais um passo no sentido de levantar o gigante da classe trabalhadora e sua força poderosa para o enfrentamento e a derrota da direita.
