O Comitê Central do PCdoB apresentou, nesse sábado, dia 18, uma nova resolução sobre a situação política em que reafirma a defesa de uma “união nacional” contra Bolsonaro, que eles chamam de “mensageiro da morte”
A tese fundamental da resolução do PCdoB para defender tal unidade, a que chama de ”frente de salvação nacional”, é a de que existem dois blocos nesse momento no País. um que ”defende a vida” e outro que defende os banqueiros e grande monopólios.
Vejamos os argumentos do PCdoB. Segundo a resolução ”diferentes correntes políticas colocam em questão a própria continuidade do mandato presidencial. Pregam a necessidade de um líder equilibrado para unir o povo e respeitar as instituições”.
Embora não esteja explícito, essas diferentes correntes políticas só podem ser entendidas como parte dos partidos da direita, o chamado centrão político. O objetivo do PCdoB contra Bolsonaro é unir o povo com a direita golpista, menos o próprio Bolsonaro. Além disso, outra tarefa seria preservar as instituições.
O PCdoB quer respeito às instituições. As mesmas instituições que são dominadas pela direita e que foram responsáveis diretas pelo golpe de Estado de 2016 e pela fraude eleitoral que colocou Bolsonaro na presidência. O PCdoB quer união para salvar essas instituições.
A resolução ainda continua: ”o PCdoB reitera a convicção de que com a união de amplas forças sociais e políticas o país superará a pandemia, derrotará Bolsonaro”.
Mais do que uma frente com a direita o PCdoB quer esconder a luta de classes. Ao defender a união de forças sociais, o PCdoB quer que os trabalhadores confiem na burguesia, quer colocar toda a organização do povo a reboque da burguesia e da direita.
E qual seria a justificativa para isso: Bolsonaro seria contra a vida e a favor dos banqueiros e grandes monopólios. Justificativa mais sem sentido não poderia haver. Que Bolsonaro é tudo isso de ruim que pinta o PCdoB não tem como discordar. Mas daí a acreditar que a direita representada pelo centrão seria a favor da vida e contra os capitalistas é simplesmente inventar um novo mundo.
Segundo o PCdoB, a direita, representada pelo PSDB, pelo DEM e pelo MDB, seria contra os capitalistas. Justamente os partidos que representam diretamente os interesses dos maiores monopólios internacionais e os bancos.
Essa mesma direita seria ainda defensora da vida. Outra historia inventada pelo PCdoB para vendar a ideia de união nacional. Essa direita tem fundamentalmente a mesma política de Bolsonaro: devastação econômica do País, retirada brutal de direitos dos trabalhadores, retirada de direitos políticos e repressão.
Mas algum desavisado, mesmo depois de tudo isso, poderia afirmar que essa direita, o centrão, pelo menos combate a pandemia. Nada seria mais falso. A política dessa direita, que foi representada pelo ex-ministro bolsonarista do DEM, Luiz Henrique Mandetta, pelo governador de São Paulo, João (Bolso)Doria, do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, é a mesma política genocida. A propaganda que faz de defesa da quarentena e do isolamento social não é nada mais do que simples propaganda.
No que diz respeito a medidas sérias e efetivas contra a pandemia nem Bolsonaro nem os representantes da direita civilizada têm nada a fazer a não deixar o povo morrer.
A ”salvação” nacional que o PCdoB propõe com essa direita é na realidade a salvação da burguesia. Mais grave ainda, é chamar o povo a se sacrificar pela burguesia. Não é nada mais do que isso.
Ao dizer ”vamos unir todos para salvar o País”, o PCdoB está transformando o trabalhador em bucha de canhão da burguesia que, enquanto se salva da crise, joga todo o prejuízo nas costas do povo, e enquanto se salva da pandemia, deixa o povo morrer nas filas dos hospitais ou até mesmo nas ruas.
Essa é a única salvação que a frente nacional proposta pelo PCdoB pode operar.