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Coronavírus

UNE troca atos de rua por “janelaços” inócuos que não significam nada

Diante do avanço da pandemia, a entidade máxima do movimento estudantil suspendeu todos os atos de rua e decidiu convocar suas bases para manifestações individuais nas janelas.

No dia 27 de fevereiro, a União Nacional dos Estudantes (UNE), principal entidade do movimento estudantil brasileiro, atualmente comandada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), publicou uma chamada para três atos públicos que seriam realizados no mês de março:

A chamada seguia uma tendência à mobilização que era refletida por vários outros setores da esquerda. Depois de um semestre inteiro de paralisia, tudo indicava que a luta contra o governo Bolsonaro seria retomada no terceiro mês de 2020. No entanto, uma publicação de ontem (17), feita novamente pela UNE, mostrou uma tendência completamente oposta:

A mudança entre três atos públicos contra o governo Bolsonaro e um barulhaço — seja lá o que isso for — tem sido justificada pela direção da UNE como uma consequência do avanço do coronavírus. Segundo a entidade, ecoando o que tem sido defendido por vários setores da esquerda nacional, a única política para deter o avanço da epidemia seria ficar em casa.

Embora o barulhaço não faça parte do repertório de métodos desenvolvidos pela classe operária ao longo de sua luta histórica contra a burguesia, não seria muito difícil descobrir do que se trataria. Se levarmos em consideração que outros setores vêm propondo fazer janelaços contra o coronavírus, o conceito fica mais ou menos claro: a proposta da UNE consistiria em fazer uma propaganda para que as pessoas revoltadas com a situação em que o país se encontra aparecesse em suas janelas para bater panela — como fez a direita coxinha —, apitar ou fazer qualquer tipo de barulho.

Uma crise muito grave

O número de casos de contaminação pelo coronavírus em todo o mundo está chegando a 200 mil. Na China, onde a pandemia teve início, mais de 80 mil casos foram registrados. Desses, mais de 3 mil pessoas vieram a óbito. Na Itália, que hoje cumpre o papel de epicentro da doença, 26 mil pessoas já contraíram a doença, sendo que mais de 2,5 mil vieram a óbito. O país se encaminha para um colapso total da Saúde Pública, e a própria imprensa burguesa já começa a especular que os pacientes com mais de 80 anos deverão ser largados à própria sorte por falta de leitos.

Os casos da Itália e da China, que já sofreram danos bastante profundos causados pela pandemia, são, no entanto, muito diferentes do caso brasileiro. O governo chinês realizou um esforço gigantesco para conter a doença, construindo hospitais, investindo bilhões de dólares e tomando medidas duras, como o isolamento de uma cidade inteira. A Itália, embora tenha um governo com características fascistas, é um país muito mais rico e que conta com melhores condições para assistir a população, resultantes do enfrentamento dos trabalhadores italianos contra seus patrões.

O Brasil, diferentemente da China, tem um presidente abertamente inimigo da população e capacho do imperialismo norte-americano. Nesse sentido, não há quaisquer dúvidas de que preferirá salvar os capitalistas do que seu próprio povo. E, diferentemente da Itália, possui muito menos recursos, como a quantidade de leitos disponíveis, que, além de ser menor, já está parcialmente ocupada por causa de várias outras mazelas. Diante disso, é de se esperar um grande desastre no Brasil, com centenas de milhares — ou talvez milhões — de infectados e dezenas de milhares de mortos.

Um método inócuo

Levando em consideração a histórica sabotagem neoliberal que a Saúde Pública brasileira vem sofrendo, não é minimamente crível que o governo Bolsonaro iria recuar diante de barulhaços. Ao mesmo tempo em que a pandemia avança, a crise econômica capitalista se aprofunda rapidamente. Economistas burgueses têm previsto um cenário ainda mais sombrio que o da crise de 2008 e vários bancos e empresas estão ameaçando de falir. Assim, o governo Bolsonaro terá de escolher entre dispor recursos para combater o coronavírus — construir hospitais, distribuir álcool gel, máscaras, remédios, contratar pessoal da saúde etc. — ou salvar seus patrões da falência.

O fascista Jair Bolsonaro, que chegou ao poder através de uma escancarada fraude eleitoral, defende torturadores e ameaça a esquerda e o povo diariamente, não será, obviamente, convencido por meio de barulhaços ou janelaços. É preciso partir para uma luta real, efetiva, contra o governo Bolsonaro, para forçar os capitalistas a pagarem pela crise e pela pandemia que eles próprios criaram. E isso só vai se dar por meio de manifestações de rua, assembleias populares, conselhos de bairro etc.

O método da direita

Além de ficar em casa — fazendo barulhaços e janelaços apenas para marcar uma posição política genérica — ser uma política inócua, é também a mesma política da direita. A imprensa burguesa, no Brasil e no mundo, vem sistematicamente pedindo para as pessoas ficarem em casa como forma de combater a doença. Uma medida, obviamente, que não ai resolver problema algum. Os patrões não vão permitir que todos os trabalhadores fiquem em suas casas e o vírus continuará se espalhando. A campanha para que todos fiquem em casa, serve, portanto, para que o governo não seja obrigado a fornecer materiais para prevenir a doença e para que a própria população não se organize para forçar o Estado a suprir suas necessidades.

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