Na última segunda-feira (17) as aulas foram retomadas na Universidade de Brasília (UnB) sob a modalidade do ensino remoto, seguindo o exemplo de várias outras universidades e escolas que já aprovaram a volta às aulas. Os capitalistas se aproveitam da crise do corona vírus para implementar em todos os âmbitos possíveis o ensino à distância e atacar cada vez mais a educação.
Segundo estudos do Comitê de Coordenação das Ações de Acompanhamento (CCAR) da própria UnB, cerca de 30% dos alunos precisariam de algum tipo de apoio para ter uma internet de melhor qualidade para acessar às atividades remotas e 6% sequer teriam computador ou tablet para participar das aulas.
Essas estatísticas apresentadas pelos estudos da própria universidade devem, em primeiro lugar, ser considerada com ressalvas. Esse tipo de informação sempre busca atenuar a gravidade do problema, ainda mais se tratando de acesso à internet e tecnologia. Além disso, o uso do termo ensino remoto já implica em si uma confusão diante da situação. Ensino remoto é uma forma de perfumar a catástrofe que atende pelo nome verdadeiro de Ensino à Distância.
Em reportagem do Correio Braziliense, a discussão se dá em torno da forma como as atividades serão levadas por cada professor. O coordenador da disciplina de Introdução à Economia na UnB, por exemplo, menciona que, “para ninguém ficar para trás, preferimos fornecer essas aulas gravadas”. Na mesma matéria, agora o coordenador da disciplina de Introdução à Ciência Política, continua: “A gente entendeu que o retorno remoto não é a situação ideal, não é o procedimento que a gente gostaria. A gente gostaria de voltar presencialmente, mas não há condições neste momento por causa da pandemia”.
Pelos relatos, fica explícito que a aula a distância por si só já é problemática. Há todo um malabarismo para tentar defender que é possível garantir que os mais pobres consigam acessar às aulas. A matéria do Correio Braziliense busca apresentar um debate confusionista, sobre as melhores formas de incluir a todos nas aulas online. No fundo, todos sabem que o ensino à distância exclui a grande maioria da população, por diversos motivos, a começar pela questão financeira. Para além disso, a questão do acesso à tecnologia e a própria vida pessoal dos estudantes dentro de casa configuram uma infinidade de realidades que vão impedir que tenham tal disponibilidade. Ainda na mesma reportagem, uma estudante menciona, por exemplo o problema das alunas que também são mães e não tem toda essa disponibilidade de horário e, por conta da pandemia, não podem contar com as creches.
A luta contra o ensino à distância e contra a volta às aulas só pode ser levada através de uma ampla mobilização dos setores estudantis. A juventude, um dos setores mais atacados historicamente pela burguesia deve se organizar em comitês estudantis para garantir que a volta às aulas só ocorra após o fim da pandemia. É necessário suspender os calendários acadêmicos e escolares, pois a volta às aulas presenciais configura um verdadeiro genocídio da população.
O movimento estudantil deve seguir o exemplo dos estudantes do Distrito Federal que estão em greve contra o ensino à distância, contra a volta às aulas e pelo Fora Bolsonaro. É necessário um combate aos golpistas e contra o governo Bolsonaro, que promove todo tipo de ataque aos trabalhadores e estudantes.