A situação na América Latina e no Brasil apresentam uma tendência geral de evolução política à esquerda, de características revolucionárias. No Chile, as eleições para a Assembleia Constituinte deram uma larga margem de vantagem para o voto nos setores de esquerda. Isto expressa radicalização dos chilenos, com convulsões sociais e mobilizações, inclusive enfrentamentos com a polícia nas ruas, por meses consecutivos.
As eleições são um sintoma poderoso das tendências da situação política continental. A tendência geral da população se expressa através de uma forte tendência à esquerda, com maior ou menor intensidade, dependendo das circunstâncias específicas de cada país. No Brasil, o deslocamento à esquerda das amplas massas fica patente nas pesquisas eleitorais. Todas são incapazes de esconder a popularidade e a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro e segundo turnos das eleições presidenciais de 2022 contra o atual presidente ilegítimo Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido). Lula também ganha com larga margem de vantagem contra todos os demais possíveis candidatos: João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Rodrigo Pacheco (DEM), Arthur Virgílio (PSDB), Sérgio Moro (sem partido), Luciano Huck (sem partido).
Enquanto a população se desloca à esquerda, os partidos da esquerda pequeno-burguesa e institucional se deslocam à direita, numa perspectiva de conciliação de classes com a burguesia golpista travestida de “democrática” e “civilizada”. Lula declarou sua candidatura para enfrentar Bolsonaro, mas procurou o ex-presidente neoliberal e privatizador Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para conversar.
A política de conciliação de classes, que se manifesta na Frente Ampla com os partidos burgueses “democráticos”, só pode ter como resultado a derrota do movimento popular. As alas “democráticas” da burguesia são responsáveis pelo golpe de Estado de 2016 e pela fraude eleitoral de 2018, com a prisão política do primeiro colocado nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente Lula. Elas também se unificaram no apoio à candidatura de Jair Bolsonaro para derrotar o Partido dos Trabalhadores. Qualquer política de aliança com estes setores inevitavelmente implicará no desmoronamento da esquerda.
Somente a mobilização popular nas ruas por parte dos partidos de esquerda, sindicatos, organizações operárias e populares pode mudar a correlação de forças e aprofundar as tendências de deslocamento à esquerda. O ato de 1º de maio serviu como um exemplo prático de mobilização para impulsionar a luta.
Se a esquerda permanecer atrelada ao regime parlamentar democrático-burguês, o fato é que ela vai afundar junto com ele. A social-democracia e seus apêndices políticos estão sendo destruídos na Europa, haja vista os exemplos do Syriza e Podemos na Grécia e Espanha.
A Frente Única é o caminho para mobilizar as massas por suas reivindicações fundamentais. No momento atual, deve-se exigir a quebra das patentes e a vacinação massiva do povo, Auxílio Emergencial para todos de um salário mínimo, emprego e condições de vida dignas e Fora Bolsonaro e todos os golpistas.
