Uma nova Constituição brasileira deveria ser elaborada por “notáveis juristas e constitucionalistas”, sem a participação do povo, a quem restaria apenas aprová-la por meio de um plebiscito, é o que afirmou o General Mourão, na última quinta-feira, dia 13, durante um discurso para cerca de 500 pessoas em Curitiba.
Na visão do militar, foi um erro a atual Constituição ter sido idealizada por representantes eleitos. Ela ainda estaria tratando de muitos assuntos que deveriam na verdade ser disciplinados por lei comum, de modo a facilitar eventuais alterações nas regras de acordo com os valores e com o tempo. Talvez ele tenha se referido aos direitos civis, políticos e trabalhistas do povo brasileiro, que estão previstos na Constituição e tiveram que ser cassados pelas instituições golpistas do Estado de forma mais dificultosa do que se fossem tratados por meio de lei comum. Praticamente uma ditadura como a de 1964 em que tudo era imposto pelos militares que comandaram o país 21 anos e não foram eleitos pelo povo.
Ele aproveitou a oportunidade para reafirmar a máxima fascista de comprometimento com a valorização dos policiais e demais agentes da repressão, criticando os direitos humanos da população ao defender que “direitos humanos têm que servir para humanos direitos e não para marginais”.
As declarações servem para mostrar que os militares estão no controle meticuloso da situação de golpe que instaurou no país e se articulam para oficializar a mudança no regime político mediante imposição de uma nova Constituição. O suposto plebiscito de aprovação se destinaria apenas a atribuir um papel pérfido à imprensa golpista de enganar e manipular a população como já acontece nas eleições, levando o povo a aprovar algo contra si mesmo.