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"Pós-capitalismo"

Uma ideologia reacionária para encobrir uma política oportunista

A velha ideologia reacionária do fim da classe operária

Publicado originalmente no sítio Outras Palavras e reproduzido no sítio Vermelho, ligado ao PCdoB, coluna intitulada “Comuns, a essência do Pós-Capitalismo”, de autoria de Antônio Martins, procura descrever uma nova sociedade, ou uma espécie de proto-sociedade que nasceria do capitalismo atual, que para o autor apresenta mudanças suficientemente profundas do que foi o capitalismo do século XIX e boa parte do XX. A essa espécie de nova sociedade, o autor chama de “Comuns”, citando um autor belga Michel Bawens, que teria formulado tal teoria.

A essência do texto é mostrar que os novos elementos tecnológicos e e as novas relações sociais e econômicas seriam um embrião dessa nova sociedade. Até aí, embora não passem de especulações sobre como os homens deveriam se relacionar no “Comum”, cada teórico tem o direito de falar e escrever o que bem entende. O papel aceita tudo, como costuma-se dizer.

A teoria defendida pelo colunista, no entanto, esbarra num problema político central e que diz respeito a concepções reacionárias sobre como a luta política deveria ser praticada pela esquerda atualmente. Dito mais claramente, ao levar em conta que estamos – como diz o autor – no “pós-capitalismo” e que portanto haveria algo diferente no atual sistema, chega-se a um debate sobre métodos de luta. E aí, as especulações sobre a nova sociedade tornam-se propaganda ideológica que inevitavelmente deságua em conclusões políticas reacionárias.

Vejamos: “Os trabalhadores deixaram de se concentrar em grandes unidades de produção: uma parcela cada vez maior entre eles não bate cartão, não tem chefes, sequer recebe salários.” Vê-se nessa formulação a velha teoria do fim da classe operária, disfarçada e repaginada com a formulação de “novas relações de trabalho”. O mesmo conteúdo existe quando o autor explica que os trabalhadores não se assentam mais sobre a produção material, ou seja, a indústria tradicional, mas sobre o que ele chama de “produção imaterial”.

Essa falácia teórica e histórica desconsidera que a classe operária industrial – que nunca foi a maioria da população – continua sendo o motor essencial da economia. As relações trabalhistas atuais, frutos do capitalismo decadente que joga milhões em trabalhos informais, teriam praticamente suprimido a classe operária industrial. Os que defendem essa tese, que não tem nada de nova, ignoram a lógica mais elementar: não explicam então de onde vêm todos os bens materiais que existem no mundo. Não passa de afirmação sem fundamento econômico, lógico e em última instância desconsidera a realidade. Quem produz os computadores, as casas, os objetos espalhados na vida social? Quem transporta e modifica esses objetos? A classe operária industrial, ignorada pelos teóricos no “novo capitalismo”.

Ao ignorar a existência da classe operária, esses teóricos concluem que seria preciso também rever os métodos de luta da esquerda: “o que falta é uma construção, teórica e política, que converta os Comuns em motivo geral de luta – mais ou menos como foi com a jornada de 8 horas diárias de trabalho, há cerca de 150 anos.” É preciso, segundo essa ideia, modificar a luta, inventar novas formas, e em última instância ignorar a luta de classes como motor fundamental da libertação dos trabalhadores.

E aí, a busca por novas fórmulas que necessariamente acabam caindo numa política reacionária. “A única condição (…) é uma esquerda que olhe para frente, ao invés de se voltar, melancólica, para um passado que não voltará.” O autr não deixa claro o que seria “olhar para a frente”, mas ao dizer que a esquerda não deve “se voltar para o passado” dá a dica: nada de revolução, tomada do poder, expropriação dos capitalistas. “Não se trata mais, como nos séculos passados, de estatizar as fábricas”, diz ele.

Retirando toda a selva de especulações teóricas e frases soltas sobre a nova sociedade, trata-se, conforme dissemos, de uma ideologia reacionária que serve para encobrir uma política oportunista, de conciliação. Em tempos de defesa da frente ampla com setores da burguesia golpista, não dá para ter dúvida aonde essa política pode levar.

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