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Contra o golpe, com golpistas

Uma frente pelo fora Bolsonaro ou pela manutenção do golpe?

A burguesia, através da direita científica, se organiza para se manter no poder, e conta com a esquerda pequeno-burguesa para isso

A burguesia e a direita dita civilizada patrocinaram uma manobra que colocou a esquerda pequeno burguesa no bolso. 

A imprensa burguesa, desde o início da crise, deu cartaz para governadores do tipo de João Doria (PSDB/SP), apontando-os como sendo civilizados, científicos, em oposição ao governo federal de Jair Bolsonaro.

Doria, ferrenho defensor do impeachment de Dilma Rousseff e da prisão de Lula, agora é apresentado pela imprensa capitalista como uma alternativa à Bolsonaro, sendo ele mesmo, Doria, um dos responsáveis pelo golpe de Estado que o país sofreu. 

A manobra foi feita com quase todos os outros governadores, apresentados como vítimas de Bolsonaro diante da crise da COVID-19, sendo que todos eles tiveram um papel fundamental no golpe que o PT sofreu, e nas mortes causadas pelo coronavírus.

A burguesia, incapaz de manter um governo descontrolado como o de Bolsonaro, procura uma alternativa, tendo se utilizado dele para facilitar o golpe de Estado, e esse nome deve vir da direita tradicional brasileira, a mesma que já causou mais desastres ao Brasil que o governo de Bolsonaro, ao longo da história. 

Essa política ganhou corpo em 2021 com as carreatas pelo fora Bolsonaro, que são apresentadas pela esquerda como uma forma de luta, mas que, na verdade, está na mesma marcha da direita científica, que também advoga o fora Bolsonaro através de gente como Doria e o PSDB.

Basta ver que neste final de semana, a corja direitista do MBL (Movimento Brasil Livre), um dos articuladores do golpe, também organizou carreatas pelo fora Bolsonaro, e a esquerda se diferenciou apenas pela data da atividade. As carreatas da esquerda foram no sábado (23/01), as da direita foram neste domingo (24/01).

No meio da confusão, começam aparecer novos grupos de impostores políticos, “apartidários”, “nem de direita e nem de esquerda”, como o chamado movimento Acredito, que tem em suas fileiras os golpista Tabata Amaral (PDT/SP), Felipe Rigoni (PSB/ES) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania/SE). 

Por outro lado, em entrevista à BBC Brasil, Adelaide Oliveira, do golpista MBL, disse que consegue “imaginar plenamente a avenida Paulista com várias pautas e a esquerda no seu lugar, no seu papel ali, em torno da mesma pauta (de impeachment do Bolsonaro)”. Quando, na verdade, o MBL é uma organização que deveria ser varrida do mapa, pela força dos trabalhadores e suas organizações, na rua. 

Já Lucas Paulino, do Acredito, propõe “uma manifestação suprapartidária, que inclua todo mundo que é oposição a Bolsonaro, de forma plural, sem preconceitos, sem distinção ideológica. Eu acho que o ideal é que todo mundo esteja na mesma rua. A gente precisa construir maioria (em favor do impeachment), e a maioria não vai vir nem só da direita, nem só da esquerda”. Ou seja, mais um malandro político da direita científica, que quer unidade para manter o golpe de Estado. Nem falar da questão “suprapartidária”, inventada pela esquerda pequeno burguesa, e que agora serve para a direita esconder verdadeiros esquadrões fascistas.

Até aqui, não tem novidade, eis que estes grupos citados acima são já conhecidos ao longo da luta contra o golpe de Estado, e essa posição deles revela apenas a vontade de manter o golpe de Estado em todos os seus efeitos, e aprofundá-lo, mas com uma face “científica”, e com pessoas capazes de fazê-lo, gente da direita tradicional escravista brasileira.

Já a Frente Povo Sem Medo, que se disfarçou melhor na questão do golpe, através de Josué Rocha, disse que “é positivo que todos os setores se manifestem pelo impeachment nesse momento. Isso mostra a ampliação do desgaste do governo Bolsonaro. Diversos setores têm dito que, nesse momento, a luta pelo impeachment é uma luta para retomar a democracia no país e para retomar também condições sanitárias mínimas no combate à pandemia”.

E a secretária-geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores) não ficou para trás no intuito de se unir com gente que, até ontem, só sabia gritar histericamente que Lula é ladrão, Dilma roubou, que o PT é corrupto, etc. Carmen Foro falou que “há uma janela importante aberta de pedido de saída do Bolsonaro, por vários setores, por interesses diferenciados, mas tem uma janela aberta. Vamos fazer no sábado e eles no domingo. Dessa vez não serão carreatas antagônicas, serão carreatas que acumulam para um projeto futuro”.

O tal projeto futuro é simplesmente a manutenção do golpe de Estado, com todas as personalidades que atuaram para derrubar o PT do poder, derrubar Dilma Rousseff, manter a prisão de Lula por mais de 500 dias e patrocinar a maior fraude eleitoral do país, que foram as eleições presidenciais de 2018.

É o “fora Bolsonaro” para o “volte FHC”, seja o original, seja a cópia na pessoa de João Doria, ou outro vampiro que a burguesia escolher. O restante do golpe fica mantido, o restante dos golpistas também, os deputados, governadores, juízes, agentes da repressão, enfim, todos que deram o golpe de Estado, ficam. E, em especial, sua política de ataque aos direitos elementares do povo.

A esquerda, ao atuar dessa maneira, revela uma falência política total. Este é um momento de mobilização contra todos os golpistas, de estar nas ruas através dos métodos tradicionais de manifestação, posto que carreatas não causam nenhum medo a ninguém. É preciso de atos que verdadeiramente populares, com as organizações do povo, sindicatos, partidos de esquerda, etc. contra o golpe e seus agentes, tendo Bolsonaro como alvo principal.

É daí também que vem a reivindicação de fora Bolsonaro, eleições gerais e Lula presidente, que é uma medida para limpar o terreno com os golpistas disfarçados de científicos, e com a esquerda que busca, sempre e a todo momento, uma forma de se adaptar ao regime da burguesia.

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