Como há muito este diário denuncia, as eleições de 2018 para a chefia do Executivo e para os cargos de parlamentares nas esferas estaduais e federais foram uma fraude: o judiciário golpista rasgou a Constituição, retirando à força o Lula das eleições, diretórios partidários do PT e do PCdoB foram invadidos pela polícia a mando de juízes golpistas do TSE, o candidato negro do PT, Renato Almeida, levou tiro da Guarda Municipal fascista de Curitiba enquanto panfletava, o vice-presidente Mourão ameaçou o país com um golpe de Estado, caso a fraude que levaria Bolsonaro ao poder não fosse vitoriosa entre outros fatos que explicam as eleições mais fraudadas da história do Brasil.
Outro elemento que denuncia a fraude é o questionamento que resta do porquê somente 4% dos eleitos são pretos autodeclarados. Destes, a porcentagem diz respeito aos 77 cargos parlamentares ocupados do total de 1.790 vagas. Porém, dessa fração não há nenhum que ocupou o cargo de governador. Conforme os dados do IBGE, a população brasileira soma 55,7% de negros (aqueles que se autodeclaram pretos ou pardos), mas somente 27% destes foram eleitos em 2018. Diante disso, a maioria da população não é representada na política, ou seja, o Estado “democrático” brasileiro não tem nada de democracia.
Para a parte da esquerda que defende a tese de que as eleições de 2018 foram democráticas e que é preciso formar uma frente parlamentar com a direita golpista em nome da democracia contra a extrema-direita não entende que desde sempre o parlamento, a presidência da República, o governo dos Estados e dos municípios foram sempre reservadas para a direita, que por meio de fraudes eleitorais, golpes, controle do judiciário e da mídia, consegue-se ocupar esses cargos. Essa direita não quer saber de representatividade, do direito dos negros ou da maioria da população, ela procura defender tão somente os interesses dos capitalistas e destruir tudo que é direito da população. Quer dizer, essa direita nunca foi democrática e agora se aproxima do governo bolsonarista.
A direita golpista é anti-povo e contra a luta dos negros. Por exemplo, o vereador de São Paulo, Fernando Holiday, do DEM e do movimento fascistóide MBL, é negro, porém contrário aos direitos dos negros, é contrário à política de cotas raciais, alegando que o racismo não existe. Soma-se a isso, a política da extrema-direita de extermínio do povo negro encabeçada pelo pacote fascista “anti-crime” do Ministro da Justiça Sérgio Moro, que dá carta branca para o policial militar matar a população pobre e a negra, além de rasgar o direito dos suspeitos presos em responder em liberdade.
Nesse sentido, o movimento negro, que é popular já que comporta a luta dos interesses da maioria da população, não terão seus direitos defendidos enquanto essa direita não for derrota pela mobilização popular contra esses golpistas e contra o Bolsonaro. É preciso organizar essa luta nos coletivos negros, formar comitês contra o golpe e pela liberdade do Lula. Não é o momento de fazer aliança com a direita golpista , a população precisa e pode ver seus interesses defendidos, para tanto, é preciso derrubá-la junto com o governo ilegítimo do Bolsonaro.