Artigo publicado na site da Esquerda Diário no último dia 03 de julho, sob o título “Vaza Jato: aliados do The Intercept clamam pela aprovação da reforma da Previdência”, o Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MTS), embora de maneira muito confusa faz uma crítica sectária e direitista ao Intercept.
“Enquanto gera ilusão em setores progressistas com “vazamentos a conta-gotas” que só confirmam parte das denúncias que o Esquerda Diário e outros analistas já faziam há tempos, o The Intercept não deixa de prestar elogios à Lava Jato, como se a Vaza Jato viesse pra “salvá-la dos seus excessos”, e não faz nenhuma denúncia global dessa operação imperialista que nunca teve a ver com luta contra a corrupção”.
Para o MTS, as denúncias do Intercept não passam de uma ilusão para enganar “progressistas”, “purificar a Lava-Jato” pondo para fora Moro e encobrir a sua subordinação aos interesses imperialistas.
Esse tipo de crítica não tem pé e nem cabeça. Aliás, no fundo, visa desmoralizar a denúncia contra Sérgio Moro. É uma versão “esquerdista” da mesma política que Moro e seus aliados fazem pela direita: tentam desqualificar Glenn Greenwald, o que só pode enfraquecer a denúncia.
A fim de deixar claro os interesses escusos de que estariam por trás das denúncias de Greenwald, o artigo vincula o Intercept aos interesses do imperialismo norte-americano no país, por conta do seu financiamento por grandes empresários daquele país e pela associação do Intercept ao jornal Folha de São Paulo e a Revista Veja (será coincidência o esquecimento do jornal espanhol El País?).
Com relação ao financiamento da Intercept por grandes empresários, o argumento é absurdo. Isso quer dizer que a queda de Moro atende os interesses do imperialismo, portanto o correto seria passar a defender Moro, perseguido pelo imperialismo. Estar ao lado de Moro, da Lava-Jato e dos golpistas contra o imperialismo.
Uma coisa e apontar a Veja, a Folha, o El País, o jornalista Reinaldo Azevedo como golpistas. Desconfiar dessa associação. Criticar Greenwald sob um ponto de vista do custo e do benefício. Valeria à pena reabilitar órgãos e jornalistas tão venais? que são a favor da Lava-Jato, do golpe e da prisão de Lula? um jornalista que cunhou a expressão “petralhas” ?
Desconfiar de quem está denunciado, está correto. O oposto é desqualificar o conteúdo dos vazamentos. Supor, como faz o artigo, que as denúncias visam encobrir com uma cortina de fumaça a reforma da Previdência e os ataques ao País.
“Os vazamentos do The Intercept se dão em meio a um dos maiores ataques à classe trabalhadora brasileira: a reforma da Previdência. Enquanto setores da esquerda transformam Glenn e o The Intercept numa espécie de salvador da luta contra os golpistas, nada fazem para barrar este ataque”.
As denúncias são a materialização das provas que muitos já sabiam (o próprio Diário se coloca nesse campo. Será?). Desmerecê-las é justamente o contrário do que afirma o artigo. É se colocar no campo dos golpistas. É não defender a liberdade de Lula; em suma, é não lutar contra o golpe.
Em geral, os escritos sectários e nesse caso, também direitista, sempre tem uma boa dose de moral. No artigo em questão, é reproduzido todo um trecho de um discurso de 2017 de Greenwald defendendo a Lava-Jato. Mas isso não é um “privilégio” do jornalista norte-americano. A esquerda Diário também defendeu o combate a corrupção no Brasil algum tempo atrás.
Assim se referia sobre o assunto em um artigo de 17 de março de 2015, que tratava das manifestações coxinhas contra o governo Dilma Rousseff, com o seguinte título: “NEM PT NEM PSDB – Os atos do dia 15 e a necessidade de uma resposta independente”.
“Mais que isso, também expressam desilusão em setores votantes de Dilma, que veem sobretudo na corrupção enorme e no total envolvimento do PT nos escândalos que vieram à tona, a certeza de que devem visar uma mudança”, para concluir mais adiante que: “Essa saída deve partir de levantar um programa que faça frente aos desmandos e a corrupção dos partidos dominantes…”.
Quer dizer, não era apenas Greenwald que tinha ilusão com a suposta política de combate a corrupção. Esse foi o posicionamento geral da esquerda pequeno-burguesa, absolutamente influenciada pelo política do golpe no Brasil.