O dirigente da corrente Resistência do PSOL, Valério Arcary, publicou artigo no sítio da organiação, Esquerda online, defendendo a candidatura de Boulos e Erundina para a prefeitura de São Paulo. Está aberta a temporada de caça aos votos.
Não nos cabe entrar no debate interno do PSOL, mas é de se destacar o apoio dado por Arcary a Boulos e a Erundina, do ponto de vista do partido, os elementos mais “avulsos”. Boulos se filiou ao PSOL poucos dias antes de registrar sua candidatura a presidente. Ao ingressar no partido, ele levou consigo um movimento chamado Vamos. Erundina, ingressou no PSOL em 2016, egressa do PSB, partido buguês, que havia votado pelo golpe contra Dilma Rousseff. Erundina também leva para dentro do PSOL um movimento chamado RAiZ. Abertamente, ela afirmava que o PSOL era uma filiação transitória para a construção de tal movimento.
As consideração acima mostram claramente que a escolha de Boulos e Erundina é uma jogada meramente eleitoral do PSOL. Ao melhor estilo dos partidos burgueses, os dois elementos mais avulsos são os preferidos de Arcary, e tudo indica, serão os escolhidos pela direção do partido.
Para esconder o cálculo estritamente eleitoral, Arcary atribui a Boulos a liderança de um movimento falso. Boulos teria sido um importante nome, por exemplo, na luta pela liberdade de Lula. Quem acompanhou a campanha sabe que essa afirmação está longe da verdade. A começar pela própria candidatura de Boulos, que com exceção de discursos, legitimou a eleição de Bolsonaro enquanto Lula estava preso.
Boulos, assim como a maioria da esquerda pequeno-burguesa, não levou adiante uma mobilização real pela liberdade de Lula. O que fez foi a boa e velha demagogia eleitoral, com muito discurso e pouca ação. Enquanto Lula esteve preso, Boulos, Marcelo Freixo defendiam a ideia de que “Lula Livre não unifica”. Hoje está claro os motivos dos dois: a aliança com a direita, que já começava a se formar naquele momento, para a formação de uma frente ampla.
E por falar em Bolsonaro, Arcary atribui a Boulos a “primeira manifestação de rua no MASP depois da eleição de Bolsonaro em novembro de 2018.” “Esquece” ele que Boulos, na realidade, foi um dos primeiros, talvez só Haddad tenha se pronunciado antes, a afirmar que a eleição deveria ser respeitado por “nós não somos como Aécio Neves”. Arcary falsifica a realidade para apoiar seu candidato.
A mesma falsificação no que diz respeito aos recentes atos das torcidas organizadas. Segundo o artigo, “Boulos e o MTST foram, também, ao lado do PSOL, os primeiros que se somaram às torcidas antifascistas nas primeiras manifestações de rua contra Bolsonaro depois do inicio da pandemia.” Essa mentira é mais recente. Boulos não tem absolutamente nenhuma participação em tal movimento, pelo contrário, defendia o “fique em casa” enquanto as torcidas, o PCO e outras organizações chamavam o povo para a rua. Boulos apareceu no movimento das torcidas em São Paulo como um emissário da frente ampla, para estrangular o movimento que estava se criando de enfrentamento direto com os bolsonaristas na Paulista. Fez isso, aparecendo do nada e realizando um acordo com a PM de João Doria e o Judiciário para levar o ato que nem era dele para o Largo da Batata.
Por fim, e por tudo isso, Boulos é o contrário do que Arcary atribui a ele. Sua candidatura será um braço da frente ampla, ou seja, uma representação à esquerda da política do PSDB. A aparente força eleitoral de Boulos é inclusive resultado dessa presença da direita em sua campanha, que já começa agora, com toda essa política direitista.