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Bolsonaro é fascista?

Uma apologia do fascismo, disfarçada de polêmica sobre o governo

Ao debater o caráter do governo, colunista do GGN acaba numa defesa do fascismo italiano

Em texto publicado no sítio GGN, Andre Motta Araujo esforça-se por provar que o governo brasileiro de Jair Bolsonaro não é fascista. “Alguns comentaristas da mídia tradicional – diz ele – ensaiam uma classificação de fascista no atual governo. Nada mais longe da realidade.” A discussão se o governo Bolsonaro é fascista ou não é em grande medida acadêmica. Rigorosamente falando, não é correto afirmar que o governo é fascista, mas o esforço para distanciar Bolsonaro e sua corja de ministros de extrema-direita do fascismo acaba por servir como um fator de confusão.

Se o governo Bolsonaro não é acabadamente fascista não dá para negar, no entanto, que ele tende a cada vez incorporar elementos do fascismo e segundo que é constituído por vários elementos fascistas, a começar pelo próprio Bolsonaro. Ou seja, ao tentar provar que o governo não é fascista, o autor acaba por esconder o perigo real do governo Bolsonaro. Afinal, nenhum governo fascista, até mesmo o próprio governo de Mussolini na Itália, começou trazendo consigo todas as características do que ficou reconhecido historicamente por ser tipicamente fascista.

Mas o mais interessante do artigo de Andre Motta Araujo não é sua tentativa de provar que o governo não é fascista, mas sua compreensão completamente distorcida do que  é o fascismo, especialmente o italiano. Ao levantar aquilo que ele acredita ser as principais características do fascismo, o autor acaba caindo num elogio do fascismo.

Vejamos algumas dessas características fantasiosas que o autor atribui ao fascismo de Mussolini: segundo ele, o governo fascista era “eficiente do ponto de vista administrativo”, se fosse verdade teríamos que acreditar que um governo apoiado pelos grandes monopólios imperialistas e sustentado pelas hordas fascistas nas ruas teria algum tipo de planejamento que não a destruição das organizações sociais, esta sim uma característica típica do fascismo. Os capitalistas lançaram mão do fascismo como um último recurso para a crise econômica e para isso colocaram em prática uma política de terra arrasada, de guerra e de aniquilamento das forças produtivas.

Mais adiante o autor afirma o que talvez seja a mais absurda concepção sobre o fascismo: “o fascismo defendia os trabalhadores”. Para o autor, basta a criação da Carta del Lavoro, de 1927, para acreditar nesse conto de fadas. Se em algum momento, como defende o autor, a Carta foi apresentada pelos fascistas como uma proteção aos trabalhadores, era apenas na medida em que o Estado pretendia o controle absoluto das organizações operárias. Na realidade, a característica central do fascismo é exatamente o contrário do que defende o autor. O fascismo, não apenas na Itália como em todos os países, tem como principal objetivo a destruição da classe trabalhadora e suas organizações. O fascismo destruiu os sindicatos e associações, e consequentemente os direitos dos trabalhadores. Assim como Bolsonaro, os fascistas tinham como objetivo central atacar os trabalhadores e suas organizações de luta, sindicatos, movimentos e partidos de esquerda.

Ainda segundo o autor, o fascismo tinha “interesse na cultura”. Tal afirmação é quase como se acreditássemos que a barbárie é a cultura. Se Mussolini promoveu algum tipo de política cultural, como afirma o autor, isso não tem nada a ver com um incentivo à cultura, mas no máximo com a criação de uma “arte” oficial. Ao atribuir ao fascismo um interesse cultural, o autor simplesmente ignora a repressão, censura e perseguição política implementada pelos fascistas contra os artistas. Assim como Bolsonaro, o fascismo é um inimigo da cultura e da arte.

Ainda segundo o autor, o fascismo teria sua economia “voltada ao Estado”. Nada poderia ser mais falso. Mussolini era o defensor do neoliberalismo – que na época ainda não era chamado assim – mais ferrenho. Atendendo aos desejos dos monopólios capitalistas, Mussolini colocou em prática a desestatização dos principais setores da economia. Assim como Bolsonaro, os fascistas eram a favor de entregar a economia para os capitalistas.

Esses são alguns dos elogios feitos pelo autor ao fascismo italiano. Na ânsia de atacar Bolsonaro e ao mesmo tempo tentar provar que o governo não é fascista, o autor acabou numa falsificação do que foi o fascismo. Acabou caindo numa defesa do fascismo.

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