O regime político se fecha: mais um militar ocupa o governo. Bolsonaro convida general para chefiar Casa Civil; Onyx deve ir para Cidadania.
No momento em que o assassinato e “queima de arquivo” do chefe do escritório do crime das milícias e bate às portas da casa 58 do Condomínio Vivendas da Barra, Jair Bolsonaro retira Onyx Lorenzoni da chefia da Casa Civil e coloca o general Walter Braga Netto, que comandou a intervenção na segurança do Rio de Janeiro, em 2018, no cargo.
Agora, não há mais função do Estado que tenha grande relevância que não esteja ocupada por militares. Assim, além do vice-presidente, Hamilton Mourão, são militares os titulares do Gabinete de Segurança Institucional, da Secretaria de Governo, da Secretaria-Geral da Presidência, assim como o porta-voz da Presidência e o assessor-geral do Presidente.
Onyx Lorenzoni foi grande colaborador na fraude que elegeu Bolsonaro. Foi considerado o “capitão do time” na montagem da equipe de Bolsonaro. Agora será rebaixado para o Ministério da Cidadania, no lugar de Osmar Terra.
É sintomático que Olavistas, Terraplanistas, e toda a canalha que ajudou a montar a fraude eleitoral venha sendo substituída por militares. É uma inversão significativa eis que os militares perderam força no governo ao longo de 2019 e, em seu lugar, ascendeu a influência da ala ideológica bolsonarista, comandada informalmente pelos filhos do presidente.
A indicação de Braga Netto gerou desconforto até entre membros do Alto Comando do Exército, preocupados com o que consideram “excessiva identificação com o governo”. Atualmente, o general Braga Netto é chefe do Estado-Maior do Exército.
Verdade é que a intervenção no Rio de Janeiro era o ensaio para golpe militar em todo o Brasil. O que ocorre agora que a tática anunciada por Mourão “das aproximações sucessivas” se confirma com precisão absoluta.
De outro lado a declaração do General Braga de que o “Rio é um laboratório para o Brasil” é um prenúncio do Golpe Militar, anúncio que se faz realidade.
De se destacar também é que um importante auxiliar de Bolsonaro definiu o novo escolhido para a Casa Civil como “um homem muito preparado” (preparado para quê? Havemos de perguntar). O auxiliar disse ainda que ele vai fazer no governo o que faz no Exército.
A troca no governo é a segunda feita em menos de uma semana. Procurado pela reportagem Braga Netto disse apenas: “Estou com o comandante”. Em seguida, desligou o telefone.
O general de Exército Walter Souza Braga Netto, então comandante militar do Leste, fez espantosa escalada desde o Golpe de 2016. Ele foi escolhido pelo então presidente Michel Temer em 2018 como chefe da intervenção federal do Rio, uma medida inédita, que lhe concedeu poderes de governador do Estado na área da Segurança Pública.
Braga Netto entrou no Exército em 1974, no período mais repressivo da Ditadura. Em 1994, ainda como major de Cavalaria, apresentou na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) uma monografia com propostas sobre como aproveitar melhor o pessoal na carreira militar, com foco nos oficiais. Uma espécie de entrismo e “guerras de posições” dizia que “a sociedade, dentro do enfoque da qualidade total, cada vez mais cobrará da instituição a eficácia na consecução de sua destinação fim” e propunha a especialização, por causa das mudanças tecnológicas.
Antes mesmo da intervenção militar ser decretada no Rio de Janeiro, pelo golpista ilegítimo que ocupa a Presidência da República, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO) e analista político, Rui Costa Pimenta, havia assinalado um ponto crucial sobre a iminência da tomada do poder pelos militares. Segundo Rui, os militares iniciariam essa intervenção em alguma capital da região Sudeste, afim de experimento, para então posteriormente estender o caráter de intervenção militar por todo o país, caracterizando o Golpe Militar em nível Federal. A previsão se confirma milimetricamente.
O fora Bolsonaro e todos os golpistas está na ordem do dia.