A luta social de massas no País está ingressando em uma nova etapa. A insatisfação generalizada contra os ataques do governo burguês-golpista está fazendo com que diversos setores populares e dos trabalhadores, assim como outros segmentos sociais se coloquem em movimento para a defesa dos seus direitos, suas conquistas e reivindicações.
Um indicador muito claro dessa nova situação está evidenciado na organização e na mobilização de um importante setor popular, representado pelas torcidas organizadas dos clubes de futebol do País. Estigmatizado pela burguesia e pelos setores da alta classe média, que vê as torcidas com muito maus olhos, esse segmento se mostra neste momento como o setor de frente das mobilizações e da luta contra Bolsonaro e os golpistas, colocando-se também contra a opressão do conjunto do regime político.
O despertar desse importante setor para a luta amedronta a burguesia e o próprio regime político, na medida em que as torcidas são compostas por setores proletários e semiproletários, cujas condições de vida estão sendo duramente atacadas pelas medidas antipopulares dos golpistas. Não há dúvida de que a entrada em cena das torcidas organizadas representam um fator extremamente progressista na situação política, marcada em todo o último período pela mais completa paralisia e inércia da esquerda pequeno-burguesa, institucional, que bloqueou e paralisou todas as iniciativas de mobilização popular contra o governo de Bolsonaro.
É evidente que a burguesia e a extrema-direita temem a mobilização de todo e qualquer movimento que possa representar uma ameaça aos seus interesses e ao conjunto do regime político, daí a dura repressão que se abateu sob as torcidas organizadas, como o que ocorreu no domingo, dia 31 de maio, na avenida Paulista, em São Paulo.
Diante dessa nova situação e do ascenso da luta de massas no país, é necessário a defesa incondicional do direito à livre organização e manifestação das torcidas, e, também, um programa de reivindicações para orientar e guiar a luta de todo um setor que se levanta contra o Estado e a política de fome, miséria e abandono do regime aos trabalhadores e à população pobre e explorada, da qual os torcedores e suas organizadas fazem parte. Uma plataforma e um plano de lutas que contemple não só a defesa do amplo direito à organização, mas que coloque na ordem do dia também a luta pela dissolução da Polícia Militar, que ataca as torcidas nos estádios, com inúmeros registros de mortes de torcedores provocadas pela ação violenta da PM.
Junto a essas reivindicações mais específicas e diretas, é necessário também um trabalho no sentido de fazer evoluir a consciência dos integrantes das torcidas, projetando a luta para patamares superiores, que necessariamente deve estar direcionada para o enfrentamento com o conjunto do regime político, colocando na ordem dia a reivindicação central do momento, vale dizer, a luta pelo”Fora Bolsonaro”, e todos os golpistas, por novas eleições gerais, com todos os direitos assegurados ao ex-presidente Lula.