Embora haja, por parte de determinados setores econômicos da burguesia e do próprio governo, um enorme esforço no sentido de ocultar a magnitude da crise, já não é mais possível tapar os olhos para a gigantesca desbarrancada em que se encontra a economia nacional. A crise, que já era por demais dramática antes da pandemia mundial, agravou-se como conseqüência da retração mundial da produção, mergulhando a economia internacional em uma crise de gigantescas proporções, com reflexos e consequências catastróficas em todos os países.
No Brasil, o que já estava muito ruim piorou ainda mais não só com a devastação social e econômica que o coronavírus vem provocando, como principalmente pelo que vem sendo adotado como medida pelos neoliberais golpistas que estão no comando da economia, medidas estas que estão conduzindo o país e a economia nacional para o abismo.
No terreno da repercussão deste estado de coisas, a realidade é extremamente dura e cruel para a classe trabalhadora. Dados recentes apontam para uma situação de caos absoluto e generalizado em todos os principais setores da economia. Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) deixa em evidência a enorme crise na qual já se encontra imersa a economia nacional. Os principais setores econômicos, que são o motor da economia, reduziram o quadro de funcionários, realizando milhares de demissões.
No setor de serviços, a redução foi da ordem de 45,8%; na construção civil, este percentual atingiu 44,4%; já no comércio, o índice foi de 36,7%; e na indústria, 24,1%. Os números são espantosos e apontam para uma situação que tende a evoluir ainda mais no sentido do aprofundamento do caos e da tragédia social do desemprego e das demissões. O setor de serviços, o mais afetado, responde por 70% do PIB e dos empregos em todo o país.
Esta dramática situação vivenciada pelos explorados brasileiros, pelo trabalhador e sua família exige uma resposta não só imediata como contundente. É necessário discutir e colocar em marcha um programa e um plano de lutas para enfrentar o flagelo do desemprego e das demissões, que já é uma realidade para milhões de brasileiros, situação agravada por novas demissões que já vêm sendo colocadas em marcha pelos patrões, que as justificam como necessárias diante da crise epidêmica do coronavírus.
Para ser consequente no enfrentamento a esta situação, faz-se necessário a ruptura com a política de inércia e paralisia reinante no movimento social de luta das massas populares. É urgente mobilizar os trabalhadores para colocar em marcha um grande movimento nacional que contemple em suas reivindicações as necessidades mais prementes das massas populares e da classe operária: um plano de lutas que tenha como eixo as reais necessidades da população, em primeiro lugar da classe trabalhadora, vitimada pela política de ataque dos patrões, de demissões e fechamento de postos de trabalho.
Para fazer frente à escalada inflacionária, é urgente colocar na pauta a escala móvel de salários, como medida de proteção ao poder de compra dos salários. Contra a ameaça do desemprego e as demissões já implementadas pelos patrões, exigir a manutenção dos empregos, com a redução da jornada de trabalho, sem redução salarial. As empresas que não se sustentarem e conseguirem manter os empregos e os salários, devem ser estatizadas, sob o controle dos trabalhadores.
Este programa, assim como um plano de lutas consequente, no entanto, somente poderá ser implementado e se tornar uma realidade se for colocada em marcha iniciativas que mobilizem e organizem os trabalhadores em cada local de trabalho, nas fábricas, indústrias, nas empresas, nos bairros populares, nos locais de moradia. É mais do que urgente a entrada em ação dos sindicatos, da CUT e dos movimentos populares para levar adiante esta importante tarefa.