Estrelas de cinema protestam em Cannes por igualdade salarial, no último sábado (12). Oitenta e duas mulheres realizaram protesto nas escadarias do tapete vermelho do Festival de Cinema de Cannes, na França.
Em uma iniciativa histórica elas exigem igualdade salarial e mais espaço, o numero de 82 participantes representa as diretoras indicadas à premiação ao longo de 71 anos, em oposição ao numero de indicações de filmes dirigidos por homens que passa de 1.600.
A parada para fotos na escadaria também teve um significado. Simbolizava como “nem todas as etapas da ascensão social e profissional são acessíveis às mulheres”, segundo um comunicado do grupo 50/50 para 2020 e da Fundação Time’s Up, criada para ajudar as vítimas de assédio sexual após o caso Weinstein.
Na sequência, a presidente do júri, a australiana Cate Blanchett, leu uma declaração ao lado da cineasta francesa Agnès Varda, uma das raras diretoras da Nouvelle Vague.
Durante anos, Weinstein frequentou o Festival de Cannes como um produtor todo poderoso. Até ser desmascarado por uma centena de estrelas e atrizes mais jovens que o acusaram de estupro e assédio sexual.
Para mostrar que não ignora essa situação, os organizadores do Festival distribuem este ano um folheto lembrando as penas previstas para delitos e crimes sexuais. O folheto traz um número de telefone útil para denúncias e um slogan: “comportamento correto exigido”.
O Festival também enviou um sinal forte ao escolher um júri predominantemente feminino, mas foi mais tímido em questões de assédio ou discriminação, dois tópicos que não foram discutidos na cerimônia de abertura. Hostil a qualquer discriminação positiva, a organização foi criticada por escolher apenas três mulheres em competição.
Na noite deste sábado, será exibida a primeira produção feminina na disputa pela Palma de Ouro, o filme “As Filhas do Sol” da francesa Eva Husson, sobre um batalhão de combatentes curdas comandado pela Sargento Bahar (Golshifteh Farahani). O segundo filme em competição é “Três Faces”, do iraniano Jafar Panahi, impedido de comparecer na mostra pelo governo de seu país.
Este dia “100% feminino” será seguido por uma série de debates e compromissos concretos até segunda-feira. No domingo, a ministra francesa da Cultura, Françoise Nyssen, apresentará, com sua colega sueca, Alice Bah Kuhnke, um projeto para apoiar financeiramente jovens diretoras em todo o mundo.
Na segunda-feira, uma carta para promover a diversidade e a paridade em festivais de cinema será assinada pelos três responsáveis pela seleção em Cannes, Thierry Frémaux, Edouard Waintrop e Charles Tesson.
“Desafiamos nossos governos e os poderes públicos a aplicarem as leis sobre igualdade salarial”, disse a cineasta Agnès Varda, em nome de todas, na primeira edição do evento desde os escândalos envolvendo o produtor Harvey Weinstein.
Em todas as classes sociais existem diferenças salariais de gênero, mulheres e homens podem exercer atividades intelectuais e laborais e atuar conjuntamente em todas as atividades profissionais. Porem a realidade não contem a mesma igualdade de condições como existem nas definições cientificas, nas legislações e manuais.
Na sociedade machista patriarcal em que vivemos as mulheres lutam o tempo todo para superar as desigualdades de gênero que envolvem contextos sociais diversos nas famílias, comunidades, em diferentes momentos da história, inclusive entre as estrelas de cinema.
Se formos comparar os pisos salariais entre todas as mulheres trabalhadoras, sem dúvida essa categoria de artistas das telonas são as que possuem os melhores salários para o sustento da família, mas estão ai demonstrando que o preconceito e a desigualdade estão em todas as classes sociais.