Em entrevista para a golpista Folha de S. Paulo publicada no dia 28 de dezembro, Rodrigo Maia afirmou que o bloco formado na Câmara é um “sinal forte de que pode estar junto em 2022”. A declaração mostra abertamente aquilo que já ficava cada vez mais claro na constituição da frente ampla: a preparação para as eleições presidenciais de 2022.
Mais do que isso, o bloco na Câmara dos Deputados em torno do candidato de Maia, Baleia Rossi (MDB-SP), é um laboratório da frente ampla em torno do apoio a um candidato da direita golpista.
Este é o cenário ideal para a direita golpista. Uma frente, liderada pela direita, com um candidato da confiança da burguesia, que arraste a esquerda atrás de si, em nome de um bloco contra Bolsonaro. Exatamente o que está acontecendo na Câmara dos Deputados.
Este Diário vem alertando sobre o verdadeiro teor da manobra e a armadilha em que a esquerda está entrando ao apoiar Rodrigo Maia e defender a política do “mal menor”. A declaração de Maia à Folha mostra muito claramente qual é este o objetivo do bloco que se constitui na eleição da presidência da Câmara.
A esquerda, ao cair de cabeça na manobra, está abrindo um precedente perigoso. Sinaliza estar disposta a aderir à manobra caso ela se repita em 2022. As consequências para os trabalhadores e suas organizações serão as piores possíveis.
Mesmo do ponto de vista estritamente eleitoral, a esquerda se anula e na prática começa a abrir mão de uma candidatura forte e independente para 2022.
Para a mobilização e a luta contra o golpe a consequência é ainda mais devastadora. Estamos diante de uma capitulação gigantesca da esquerda que poderá levar o movimento de luta do povo a ficar a reboque dos golpistas.
Há ainda o fator essencial do problema: Lula. Quanto mais a direita se sente segura sobre a adesão da esquerda à manobra golpista, mais claramente revela suas intenções. E a principal delas é retirar Lula das eleições, isolando-o completamente.
A ausência de Lula nas eleições é a única maneira de fazer a manobra da direita golpista ser bem sucedida. Tirar Lula da jogada, empurrar a esquerda para o apoio ao candidato da direita, o que significa direcionar os votos da esquerda – do próprio Lula em primeiro lugar – para a eleição de um golpista. Tudo isso usando Bolsonaro como aquele a ser derrotado.
É exatamente o que se passa neste momento na Câmara e o que se passou no segundo turno das eleições municipais.
Em nome de “derrotar o bolsonarismo”, vota-se no “mal menor”, que é na realidade o mal maior. Sai Bolsonaro, entra Doria, ou Luciano Huck, ou Ciro Gomes ou qualquer outro golpista que foi o grande responsável pela vitória de Bolsonaro e sua sustentação no governo.
Quanto mais a esquerda ingressa na manobra da frente ampla, mais ela se anula politicamente e mais facilita a vida dos golpistas. É preciso uma política independente, uma política que mobilize as massas. A luta pelos direitos políticos de Lula, por Lula candidato, é a maneira de mobilizar e colocar em xeque todo o esquema montado pelos golpistas e colocar em xeque o regime golpista.
A declaração de Maia serve de alerta para a esquerda para o que pode acontecer.