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Esquerda conciliadora

Um escárnio: “centrais” querem que Bolsonaro tire país da crise

"Centrais" sindicais querem que o governo Bolsonaro assuma o programa dos trabalhadores

No dia 17 de outubro, um conjunto de centrais sindicais brasileiras (muitas delas com existência tão somente cartorial) fizeram chegar às mãos do Secretário Especial de Previdência e Trabalho, o ex-deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), um documento intitulado “Agenda prioritária da classe trabalhadora – democracia, soberania e desenvolvimento com justiça social: trabalho e emprego no Brasil”. O documento foi entregue durante a reunião do “Grupo de Altos Estudos do Trabalho” (GAET), e traz em seu conteúdo um conjunto de 23 propostas para, segundo os que o elaboraram, “enfrentar a crise e abrir caminho para a retomada do desenvolvimento nacional“.

Chama a atenção de imediato, antes de qualquer consideração sobre o conteúdo das propostas, a multiplicidade de siglas que assinam o documento e que – indevidamente – se reivindicam como representantes sindicais de uma parcela da classe trabalhadora brasileira. O fato é que nenhuma delas (CTB, Força Sindical, UGT, Nova Central , CSB, Conlutas entre outras) tem legitimidade para falar em nome e representar os trabalhadores brasileiros, pois nada mais são do que entidades-fantasma, com “vida” vegetativa, sem participação nas lutas e nas mobilizações das massas populares, sejam elas do campo ou da cidade. Esse papel cabe exclusivamente à Central Única dos Trabalhadores (CUT).

No documento são feitas críticas ao governo Bolsonaro, que segundo os elaboradores, “caminha na contramão da retomada dos investimentos, que é essencial para destravar as milhares de obras paradas e criar um ciclo virtuoso de novas oportunidades de trabalho, sobretudo com a retomada da industrialização“. Indo mais adiante, faz referência também à “cadeia produtiva do petróleo, que está sendo desmantelada, ao passo em que não existe um estímulo para retomada da construção civil, setores que possuem uso intensivo de mão de obra e poderiam reposicionar o país na divisão internacional do trabalho” (Portal Vermelho, 17/10).

No que diz respeito às “propostas” em si, alguns dos 23 pontos apresentados soam até mesmo como uma brincadeira infantil e não podem ser levados a sério. Isso porque estão sendo apresentadas como “soluções” a serem assumidas e implementadas por um governo que não é só fraudulento e golpista, mas fundamentalmente porque o governo Bolsonaro não é nada mais do que um marionete do grande capital.

Bolsonaro é produto e resultado direto do golpe de Estado de 2016, operação arquitetada pelo conjunto das forças reacionárias e direitistas, em estreita conexão com o imperialismo, que há cerca de uma década vem conspirando contra os governos de perfil popular do continente latino-americano para impor o programa da direita, de ataques e liquidação das conquistas populares das massas empobrecidas. Daí o ser absolutamente inútil e despropositado apresentar qualquer agenda de recuperação econômica, qualquer programa e proposta minimamente progressista a um governo que, em todos os sentidos, foi imposto pelo grande capital e a burguesia para servir aos seus interesses e não para atender a qualquer reivindicação popular, por menor que seja.

Em um dos pontos da “Agenda prioritária da classe trabalhadora” o documento reivindica do governo Bolsonaro uma “política emergencial contra o desemprego em massa“. No entanto, a marca indelével da política dos golpistas é exatamente o aumento do desemprego, provocado pelo fechamento de milhares de empresas e pelo crescimento do subemprego e da informalidade

Em outro ponto, o documento fala em “redução da jornada para 40 horas semanais“, quando sabemos que os capitalistas que financiaram o golpe e a eleição do governo Bolsonaro intensificaram ainda mais a exploração do trabalhador por meio do aumento da jornada de trabalho, utilizando do aumento do desemprego para impor mais horas de trabalho ao trabalhador, ameaçando-o de demissão, eliminando também as folgas de final de semana e até mesmo domingos e feriados.

Chama a atenção também um dos itens da pauta onde o documento se refere à “revogação de todos os aspectos negativos (!!!) da reforma trabalhista e da lei que institui a terceirização irrestrita, apontados pelos trabalhadores”. Um absurdo completo, principalmente quando faz referência aos “aspectos negativos” da reforma trabalhista, de onde se conclui que haveriam então aspectos positivos na famigerada reforma trabalhista do grande capital e da burguesia, que atacou e suprimiu direitos e conquistas históricas dos trabalhadores e praticamente liquidou a CLT.

Nem se faz necessário analisar todos os itens das propostas apresentadas pelas “centrais” ao governo Bolsonaro para concluirmos facilmente que estamos diante não de “propostas concretas”, mas de uma capitulação vergonhosa para fazer com que o governo representante do imperialismo e da extrema direita assuma o programa da classe trabalhadora, implemente-o e que o mesmo dê certo. O que está no horizonte desta gente é a sobrevida e a continuidade do governo Bolsonaro, que de acordo com os idealizadores do documento, deveria governar (leia-se, destruir o país e atacar a população) até 2022, quando nas longínquas e incertas eleições presidenciais a oposição venceria o pleito e reassumiria o governo. Trata-se de uma perspectiva que está em aberta contradição com as condições de vida da população e as tendências de luta das massas, que desejam o fim do governo Bolsonaro e do regime de opressão, fome e miséria imposto pela burguesia, o grande capital e o imperialismo.

Não é papel e nem tarefa de entidades que se reivindicam como representantes dos trabalhadores apresentar planos e propostas para a salvação de governos que são, em sua essência, verdadeiras máquinas de guerra contra os trabalhadores e a população pobre do campo e da cidade. A única via que pode abrir uma etapa de lutas vitoriosas das massas contra o governo do grande capital e dos banqueiros é a unificação das lutas dos trabalhadores sob as palavras de ordem de “Fora Bolsonaro e todos os golpistas”; “Liberdade para Lula” e pela greve geral de toda a classe trabalhadora.

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