Após um longo hiato sem grandes mobilizações de rua, finalmente o dique de contenção foi rompido. A quase totalidade da esquerda nacional se unificou para convocar novamente grandes mobilizações de rua pelo Fora Bolsonaro. Naturalmente, a direita não moveu um dedo sequer para ampliar essa luta, na realidade eles estão jogando no lado completamente oposto, se esforçando ao máximo para desmobilizar os protestos e assim garantir que o presidente fascista não seja derrubado pelas massas. Sendo assim, a direita, em hipótese alguma, deve ser tolerada nas manifestações.
Na atual situação de crise política e econômica do Brasil, gerada pelo golpe de Estado de 2016, existe uma clara polarização entre a extrema direita bolsonarista e a esquerda, agrupada em torna da figura do ex-presidente Lula. Bolsonaro vem chamando atos de rua em seu apoio e conseguiu aglutinar cerca de 6 mil motocicletas em sua defesa, enquanto isso a esquerda levou cerca de 500 mil pessoas no dia 29 e 750 mil pessoas no dia 19 para as ruas em defesa da derrubada de Bolsonaro. Já a Globo, a Folha de S.Paulo, FHC, Ciro Gomes, Doria, a Força Sindical, o PSB, o MBL e as demais escórias da frente ampla golpista não só não levaram ninguém como sempre se colocaram contra as manifestações.
Apesar desses setores serem completamente inúteis no que se refere à mobilização popular, eles também não diferem em quase nada de Bolsonaro nas questões políticas, são a ala mais fiel à burguesia e ao imperialismo que tem propensões até mais destrutivas para o Brasil do que o próprio presidente golpista. São inimigos da classe trabalhadora, são ativamente a favor das privatizações, contra qualquer tipo de auxílio à população, da fome, da reforma trabalhista e do desemprego em massa. Ou seja, sua participação nas manifestações não é soma nenhuma, apenas uma sabotagem.
Na realidade a participação da direita dentro das manifestações populares sempre cumpre esse papel de sabotagem interna e, analisando a posição da burguesia nas últimas 3 semanas após o grande ato do dia 29, está claro que essa é sua principal estratégia para desmobilizar os trabalhadores. Um caso emblemático deste fenômeno foi o de 2013 quando as manifestações que inicialmente eram contra os governos de direita sofreram um processo de infiltração direitista, e foram tomadas de assalto pela burguesia que acabou as utilizando para fortalecer a sua política e as dissipando.
O movimento operário se desenvolveu muito nos últimos 8 anos e as manifestações de 2021 diferem muito das de 2013 principalmente no quesito da participação do conjunto da esquerda. Mesmo assim é preciso garantir que elas cresçam e se mantenham desta forma, não só é preciso realizar uma ampla convocação de trabalhadores de todas as categorias e nos bairros populares como é preciso garantir, custe o que custar, que os elementos de direita não adentrem a manifestação.
Organizações como o MBL não são bem-vindas nas manifestações, ainda mais neste caso específico que são quase tão fascistas como Bolsonaro. Um de seus principais objetivos é justamente intimidar os manifestantes e tentar expulsar a esquerda dos atos e por isso eles mesmos devem ser expulsos. A participação do MBL é inaceitável, a esquerda não deve aceitar nenhuma infiltração, todas as tentativas nesse sentido devem ser esmagadas pelas forças da classe operária organizada.