Em postagem realizada no perfil do Twitter, a UNE lembrou a nomeação do atual ministro da Educação, Abraham Weintraub, ocorrida em 9 de abril de 2019. Destacando uma série de loucuras do “imprecionante” ministro de Bolsonaro (entre as milhares), as direções da entidade concluem que Weintraub foi o pior ministro da Educação que já houve no Brasil. Considerando que a pasta já teve gente do quilate de Jarbas Passarinho, Marco Maciel e Jorge Bornhausen, isto é, de fato, um feito e tanto porém tem mais um a ser acrescentado na lista e que precisa ser trazido a esta discussão: Ricardo Vélez.
Antecessor de Weintraub, Vélez também foi indicação de Olavo de Carvalho, e como todo o grupo, era dado a declarações dignas de um quadrúpede, que combinavam um misto de escatologia intelectual com desprezo pela população brasileiro. Sob sua condução, o MEC ameaçou colocar estudantes crianças e adolescentes nas escolas da educação básica para fazerem propaganda ao presidente, além de um revisionismo sobre a ditadura militar de 1964 a 1985. Assumindo a pasta em 1º de janeiro, Vélez acabou demitido por Bolsonaro em 8 de abril, tendo permanecido pouco mais de 3 meses no cargo.
O curioso da situação é que Weintraub é justamente o resultado do sucesso da campanha contra o ministro anterior. Levantado a época, o Fora Vélez acabou bem sucedido e colocou na condução da política educacional exatamente este que está sendo apresentado, um ano depois, como o pior que já tivemos.
A colocação feita pela direção da UNE é um caso muito ilustrativo do fracasso evidente deste tipo de política, que longe de melhorar a situação da luta dos estudantes, piorou-a. Considerando que Vélez foi poupado de títulos como “pior ministro”, podemos ainda perceber que a piora na situação da educação brasileira foi muito acentuada.
Não é só isso. Tanto Vélez quanto Weintraub tem em comum, além do cargo, o responsável pela nomeação de ambos: Jair Bolsonaro. Presidente escolhido pela burguesia para continuar a agenda de ataques iniciada com o golpe de 2016, Bolsonaro se elegeu em meio a maior fraude eleitoral de nossa história recente, o que também é muito significativo. Mesmo assim, diversas entidades representativas da luta dos trabalhadores e dos movimentos populares, entre as quais a UNE, se recusaram de maneira obstinada a lutar pelo fim do regime golpista, mesmo após Bolsonaro ter dado inúmeras evidências de que se tratava de um governo dedicado a atacar o conjunto da população brasileira, em especial atenção os estudantes.
Nesse sentido, em meio a crise humanitária trazida pela emergência do coronavírus, onde fica mais flagrantemente claro que Bolsonaro não tem dificuldade alguma em deixar que milhares de brasileiros morram de maneira por puro descaso, a loucura de continuar focando no ministro e esquecer o presidente parece ser uma lição não aprendida pela UNE, que tampouco está mobilizando os estudantes para ataques diretos contra os interesses da categoria, como a adoção do ensino a distância por parte de muitas universidades públicas praticamente sem reação da entidade.
Com o fracasso evidente da política de colocar Bolsonaro “na linha”, é preciso que a UNE se torne o instrumento verdadeiramente de luta, mobilize os estudantes para tomar o lugar destacado que a história tem reservado a este importante segmento da sociedade, hoje ameaçado por ataques que tem em sua origem, a permanência de Bolsonaro na presidência da República. Se o Fora Vélez levou a um ministro ainda pior, não há razão alguma para imagina qualquer coisa boa de quem o substituir. Já o fora Bolsonaro seguido pela convocação de novas eleições abrem um caminho que pelo menos, será diferente, e tende a colocar a esquerda numa posição muito mais confortável. Mas é preciso agir.