A questão das cotas, desde o início, tem gerado muita polêmica e discussões. Tanto em vestibulares como em concursos para estatais, há diversos casos em que as cotas são utilizadas por pessoas que não condizem com as condições necessárias para obtê-las.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por exemplo, tem tido problemas relacionados a essa questão. Para averiguar a possibilidade do candidato entrar como cotista, foi criada em 2019, uma Comissão de Heteroidentificação que, atualmente, analisa 230 denúncias de fraudes nas autodeclarações raciais. A situação se agravou após uma ação feita de modo anônimo onde cartazes foram pendurados com as fotos e nomes de dezenas de estudantes nas paredes de um dos edifícios da Faculdade Nacional de Direito. A exposição dos alunos que se autodeclararam pretos, pardos ou índios para ingressar na faculdade, entretanto, exemplificava a tentativa de utilizar a cota sem as condições necessárias para utilizá-las. Foi visto claramente nos cartazes, que muitos cotistas eram brancos e alguns até louros com olhos azuis.
Contudo, além das denúncias dentro da própria faculdade, os alunos que se autodeclararam cotistas, mas que, portanto, não se enquadram, estão sendo denunciados para o Ministério Público Federal. Como solução, a universidade está averiguando as possíveis sanções que serão regulamentadas pelo Conselho de Ensino de Graduação (CEG) e pela Procuradoria Federal da UFRJ. A reitoria, por sua vez, informou ainda que, a partir de 2020, após as provas, os que optarem pelas cotas terão de ser aprovados pela comissão para, aí assim, ingressarem por meio de ações afirmativas. Nesse sentido, só terão direito à matrícula os que forem aprovados nessa fase. Caso contrário, serão eliminados.
Embora haja fraudes, a questão, naturalmente, abre brechas para uma intensa campanha da direita para acabar com as cotas. É importante, no entanto, que se avalie as condições das cotas para que fraudes não aconteçam. Para isso, a própria comunidade acadêmica precisa aprimorar uma comissão para que a situação não entre como combustível para a direita incendiar todo o programa de cotas implementado.