O caso de intervenção bolsonarista na Universidade Federal de Pelotas ganhou um capitulo inédito quando a comunidade acadêmica resolveu não ceder ao governo fascista. A nomeação da professora Isabela Fernandes Andrade para ser a reitora apesar de ser a segunda menos votada em lista tríplice não foi bem recebida e a solução encontrada para liberar a pressão e revolta estudantil foi um acontecimento curioso: uma reitoria dupla.
Intervenção bolsonarista: 56 votos a 6
Como resposta ao governo genocida de Jair Bolsonaro (sem partido), apesar da reitora nomeada ser da mesma chapa do reitor eleito, Paulo Ferreira, que teve 56 votos contra 6 da nomeada pela extrema-direita, a comunidade acadêmica pressionou para que quem assumisse o cargo fosse alguém que representasse um projeto definido democraticamente, dai a medida extraordinária.
A gestão anterior de Pedro Hallal já havia se manifestado contra a intervenção federal a universidade, em declaração pública em site da universidade:
“Respeitar a vontade da comunidade é um pressuposto básico da democracia. Infelizmente, num governo federal cujo líder faz apologia a torturadores, nega o racismo, é condenado por ofensas contra mulheres e prega a não vacinação da população, não é surpresa que sejamos golpeados em nossa democracia e autonomia”.
Reitor eleito vai ocupar o cargo de pró-reitor de planejamento
Mesmo vencendo 56,4% contra 43,4%., o reitor eleito Paulo Ferreira vai ocupar o cargo de Pró-reitor de planejamento, que seria ocupado pela interventora, mas ambos responderão como reitores oficialmente.
“O que custa respeitar a vontade da comunidade? Respeitar a escolha é ter empatia com a universidade que escolheu quem considerou que estava mais preparado. Não vemos motivo nenhum para que nenhum presidente desrespeite a autonomia. Nossa comunidade queria que eu fosse o reitor e me elegeu. Na nossa opinião, ninguém deveria ser colocado no constrangimento de assumir sem ser o mais votado. Isso desestabiliza, ninguém se sente bem. Mas a Isabela é nossa colega e construiu junto o programa que foi eleito. Ela teve esse desprendimento”, diz Ferreira.
É preciso se mobilizar pelo fim da intervenção e pela autonomia universitária
O acontecimento em si mostra o desenvolvimento da luta que está acontecendo nas universidades contra uma ditadura que está sendo imposta aos estudantes, professores e funcionários, nacionalmente. A reitoria paralela é uma forma de driblar o método fascista do presidente Bolsonaro, mas também é preciso dizer que por si só não resolve o problema das eleições para reitor em universidades, que sempre foram em si totalmente antidemocráticas.
Diante da intervenção bolsonarista, os estudantes precisam intervir com um programa próprio, não acreditando em recursos de ordem jurídica ou nas instituições, mas sim na força da mobilização da comunidade acadêmica, entre professores, alunos, trabalhadores técnicos, terceirizados, etc. por uma verdadeira autonomia universitária que seria o sistema defendido pela AJR, a juventude do PCO: o sistema tripartite, com votos iguais para os três setores da universidade, professores, alunos e funcionários.
Nesse sentido, é preciso deixar claro que a figura do reitor, uma espécie de monarca bonapartista que controla toda uma instituição é um atraso político. É preciso defender que a direção da universidade seja realizada pela própria comunidade universitária, isto é o mais democrático, é o melhor modelo de gestão. A comunidade acadêmica da UFPEL precisa se mobilizar pelo fim da intervenção e pela autonomia universitária!