A extrema-direita ataca as eleições na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e tenta articular, por meio da justiça golpista, uma ação para suspender a lista tríplice de candidatos à reitor da UFPE. O grupo intitulado Docentes pela Liberdade declararou que não aceita a atual gestão e, por isso, reivindica a nomeação de um reitor temporário, ficando este no cargo por até seis meses até os golpistas encontrarem um meio de impor, por meio de uma fraude, alguém que coloque em prática a política bolsonarista.
A ação, que já tramita na 1ª Vara Federal do Recife, conta com o apoio de cerca de 200 docentes e pessoas de fora da comunidade acadêmica. De acordo com os golpistas, houve fraudes no processo que resultou na escolha do professor Alfredo Gomes para encabeçar a lista tríplice, encaminhada em junho de 2019 ao Ministério da Educação (MEC). Um dos proeminentes da tentativa de golpe, Coronel Meira, que foi candidato a deputado federal em 2018, é ligado ao governo Bolsonaro, e, portanto, um dos sequazes que compunha o grupelho golpista. De acordo com o tratante, o mesmo recebera da Casa Civil a “missão de ajudar os docentes a combater as fraudes no processo de escolha do reitor”.
A Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe) rejeitou a ação dos golpistas e se mostrou indignada com a ação, e, nas palavras do presidente, professor Edeson Siqueira, o estratagema dos golpistas fere a autonomia da universidade e ignora um processo democrático. “A comunidade acadêmica foi consultada, optou por um nome, e o Conselho Universitário aprovou. Não há questionamentos do Ministério da Educação sobre o processo e já se passaram quase três meses desde que a lista foi enviada. Não vejo sentido e nem legitimidade em meia dúzia de pessoas, muitos inclusive que não fazem parte da comunidade acadêmica, quererem interferir”, concluiu.
O posicionamento contra os golpistas foi reforçado pela vice-presidente da União Nacional dos Estudantes em Pernambuco, Débora Karolayne: “Não vamos permitir que a universidade sirva de fantoche para aqueles que não ousaram se candidatar e disputar as eleições pela base. Queremos um reitor com a cara da UFPE, que conheça os projetos, que conheça os centros, os técnicos, os professores, os alunos e que conheça nossa história, porque é através dela que hoje somos reconhecidos no mundo todo. Não ao interventor!”, afirmou.
Ao contrário do que fez em outra universidade, Bolsonaro nomeou o reitor eleito pela comunidade acadêmica da UFPE. No entanto, isso não é uma vitória da esquerda. A extrema-direita organizou um grupo para tentar impedir essa nomeação. Se não conseguiram agora, esse grupo será utilizado para atacar o movimento estudantil e a própria gestão do reitor no futuro. É preciso organizar os estudantes para destruir a extrema-direita, expulsando-a da UFPE com os meios que se fizerem necessários.