Em 1995 sobre o governo de Fernando Henrique Cardoso, o patrono da iniciativa privada neoliberal no Brasil, foi criado o Programa Estadual de Desestatização (PED). Seu objetivo, foi e continua sendo o de privatizar empresas estatais com o argumento de reduzir os investimentos do Poder Público nas atividades que possam ser exploradas em parceria com a iniciativa privada, assim, muitas empresas foram privatizadas na época. Mesmo encerrado nos anos 2000, volta e meia é reativado pela direita, especialmente depois do golpe, para permitir novas entregas ao capitalismo mundial.
Sobre o pretexto da crise do coronavírus, a direita impõe medidas autoritárias para se salvar de sua crise financeira, são trilhões doados ao bancos e aos donos de empresa e apenas migalhas para a população, tanto na assistência social, quanto na saúde e na educação. Nesse sentido, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, famoso por atirar no povo com uma metralhadora em um helicóptero, enviou na última segunda feira (20) uma carta para ALERJ (Assembléia Legislativa do estado do Rio de Janeiro). Nessa carta estava colocada a reativação do Programa Estadual de Desestatização e a revogação dos artigos 9° e 10° da Lei n° 7.941 de 20 de abril de 2018, os quais proibiam a extinção das universidades públicas estaduais além de não permitir a privatização de sociedades de economia mista e de empresas públicas. Dessa forma, o governador, sobre a desculpa de precisar de dinheiro para tratar da crise sanitária, abre uma brecha para privatizar o ensino público, elitizando ainda mais as universidades. Finalmente a proposta é um ataque não só às universidades estaduais, fundações e empresas públicas e mistas, mas um ataque direto ao povo trabalhador fluminense.
Para defender os estudantes a União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ) postou uma nota em suas redes sociais contra a proposta de Witzel ontem, dia 23. A nota ressalta a necessidade de políticas públicas para o povo fluminense sobreviver a crise e denuncia o caráter genocida do governador. Além disso, destaca os principais afetados: “a CEDAE, as universidades estaduais (UERJ, UENF e UEZO), a Fundação CECIERJ, que oferta graduações na modalidade EAD e a FAPERJ, entidade responsável ao fomento à ciência no estado”. A denúncia da UEE-RJ é extremamente importante e precisa ser compartilhada, mas sem a organização dos estudantes para lutar contra a privatização não será possível barrá-la.
A ameaça está posta, o governo golpista apenas espera o melhor momento para privatizar todo o sistema educacional nacional e colocar todos os estudantes sobre condições precárias e elitizadas de ensino como o ensino a distância. A própria nota esclarece que Witzel não realizou nenhuma medida real para auxiliar os estudantes, sejam universitários ou secundaristas, suas únicas medidas foram em torno dos projetos do ministro Weintraub, o maior fã da iniciativa privada educacional, e na crise sanitária a imposição do EAD, o que revela sua política burguesa que pretende colocar a educação nas mãos dos grandes tubarões capitalistas. A muito tempo o interesse, não só de Witzel, mas de Bolsonaro, dória, Ibaneis, e toda a direita, é a privatização de todos os setores sociais, para que assim seja mais fácil de explorar a população. A única coisa em seu caminho é o povo, a grande maioria da população, a classe com maior poder político quando organizada, que cada vez mais tende a esquerda. É por isso que a UEE-RJ, precisa tomar a iniciativa de mobilizar todos os estudantes para combaterem diretamente o programa criminoso da burguesia.
Os estudantes historicamente são um dos principais grupos agitadores, devido a sua tendência ideológica para mudar a totalidade opressora, assim se torna necessário reconhecer esse caráter para organizar uma frente nacional contra o governo golpista e suas medidas, com manifestações, greves e todas as estratégias da classe operária, para acabar com a crise de vez e por um fim no regime autoritário. Essa luta se desenvolve no Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas, como Witzel, e na seriedade da tomada do poder para construção de um governo operário, no qual a privatização e todo o conceito de propriedade burguês é realmente combatido, e a educação poderá ser democrática para todos.