A devastação do serviço público em nome da austeridade econômica e do ajuste fiscal levou a bancarrota sistemas públicos de saúde em escala planetária. A catástrofe sanitária em decorrência da pandemia do coronavírus em importantes países capitalistas no sul da Europa, como Itália e Espanha, não é fruto do acaso nem de nenhuma maldição divina, mas é uma comprovação cruel dos verdadeiros resultados do neoliberalismo imposto pelos bancos e governos.
No artigo La UE asoló el sur de Europa con su austeridad, hoy recoge los cadáveres del austericidio Luis Gonzalo Segura chama de “Austericida europeia” a politica promovida pela União Europeia na última década, que agora colhe seus terríveis resultados, depois do desmantelamento da rede pública de proteção social nos “ Estados de bem estar”.
“O problema enfrentado na Espanha ou na Itália, coincidentemente dois dos países mais afetados pelas medidas de austeridade, não é nem o número de mortos e doentes, mas a incapacidade de controlá-lo.”( …)
“ O desmantelamento fez com que os países europeus, especialmente os resgatados, conhecidos como PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha) não dispunham de recursos econômicos e capacidade estatal para enfrentar esse vírus.” https://actualidad.rt.com/opinion/luis-gonzalo-segura/348683-austeridad-ue-sur-europa-cadaveres-coronavirus
Em 2009, esses dois países, junto com Portugal e Grécia, estiveram entre as principais vítimas da Troika e sua política de “resgate” econômico dos bancos. A política econômica adotada pela UE em resposta a crise econômica mundial, que arrebentou com a crise do subprimes nos Estados Unidos, foi o derrame do dinheiro público para o que se chamou de ´resgate” ou salvamento dos bancos europeus, seguindo a receita adota no próprio Estados Unidos. Nos países europeus foram despejados milhões de euros, retirados dos trabalhadores e entregues aos capitalistas.
“ Na Espanha, o resgate dos bancos permaneceu em 60.000 milhões de euros e na Itália, 17.000 milhões somente em 2019. Isso ocorreu porque a Europa decidiu resgatar os bancos em vez dos cidadãos. Ou melhor, às custas dos cidadãos .” ( idem)
Em 2010, a crise econômica que tinha como epicentro os Estados Unidos, desloca-se de maneira vigorosa para a Europa, expressa na famigerada crise da dívida soberana, que tem seu inicio no colapso do orçamento grego, mas que acomete a Irlanda, Portugal, Espanha e Itália. O Banco Europeu e Alemanha exigem praticamente a liquidação da estrutura social estatal para garantir a “ austeridade” e controle fiscal por partes dos países devedores.
“Os gregos dobraram os joelhos e imploraram ao agressor europeu que a punição não fosse muito severa. Perderam 20% da renda per capita apenas entre 2010 e 2015, aumentaram o desemprego para 27%, a pobreza atingiu níveis insuportáveis e a dívida pública disparou.” ( idem)
Sendo que na Itália e na Espanha, o desmantelamento dos programas sociais e da estrutura básica de setores como da saúde foram os efeitos mais evidentes da implementação da “ austeridade” imposta
“Na Itália , um primeiro ajuste orçamentário de 79.000 milhões de euros foi aprovado em 2011 e um segundo de 30.000 milhões de euros em 2013. A dívida foi paga, mas a Itália viu literalmente a escassa beleza da ruína moderna: 40% de desemprego juvenil , baixas taxas de crescimento e a ascensão da extrema direita.
(…)
A Espanha cortou em nível estadual em diferentes setores 44.448 milhões de euros apenas entre 2009 e 2014, incluindo a saúde pública e após dez anos de cortes, a Espanha estava investindo 5,9% de seu PIB em Saúde, enquanto na Europa o 7,5%, o que causou escassez de pessoal de saúde, como enfermeiros (5,7 por mil habitantes, enquanto a média européia é 8,5 e há países como a Noruega que têm 17). “ https://actualidad.rt.com/opinion/luis-gonzalo-segura/348683-austeridad-ue-sur-europa-cadaveres-coronavirus
A tragédia das mortes na Europa é o resultado de uma política deliberada do capital, sendo que é preciso organizar os trabalhadores e o conjunto da população para lutar contra as formulas de austeridade e controle fiscal dos neoliberais.
(…)A União Europeia devastou o sul da Europa com sua austeridade, hoje reúne os corpos do austericida.” ( idem)
