A União Brasileira dos Estudantes (UBES), principal entidade dos secundaristas, a qual nos últimos anos com uma larga campanha de credenciamento cresceu muito suas bases, continua na retranca quando o assunto é defender e lutar pelos estudantes. Em conjunto com a União Brasileira dos Estudantes (UNE) novamente realizam uma campanha pelo #adiaenem, uma vez que a anterior foi fracassada e que o governo golpista suspendeu a limiar que iria adiar as provas devido a pandemia do coronavírus.
A intenção da direita é clara, gastar o menos possível com a população e elitizar o máximo possível as escolas e as universidades para explorar com mais facilidade o povo durante a crise. A UBES reconhece que o mantimento do Enem para o final do ano é um ataque para a maioria dos estudantes, que durante a crise sanitária não tem acesso às redes e muito menos tem apostilas para estudar para o exame. Nesse sentido a luta tem uma boa intenção, mas é completamente despolitizada e desmobilizada.
É importante colocar antes de qualquer coisa que é uma campanha virtual, ou seja, é uma campanha que atinge apenas aqueles que acompanham as entidades nas redes. Nesse sentido não faz uma verdadeira pressão para que o Enem seja adiado, como também não cria um poder de decisão para os estudantes. Ao invés de organizar-los de maneira independente do regime autoritário para combatê-lo, a UBES se ajoelha e implora com notas e vídeos para que o governo interessado nos lucros dos grandes tubarões capitalistas ajude os pobres estudantes.
Os estudantes não podem ser subestimados, com a crise financeira e o acirramento da luta de classes a direita os ataca cada vez mais, e sua tendência é a mobilização para se defender, são um dos principais setores do movimento popular. Mesmo assim, tais entidades que afirmam lutar heroicamente pelos direitos estudantis preferem se mover apenas quando há campanha eleitoral e realizar uma ou outra campanha demagógica, sem levá-la com determinação.
O Enem não pode ser adornado como a esquerda pequeno burguesa adora fazer, não é um método de seleção justo, e sim, uma forma de elitizar as Universidades. A maioria dos alunos não chega a terminar o ensino médio, pois muitos precisam sair para trabalhar ou a escola simplesmente não consegue formá-los. Os alunos que conseguiram pagar um ensino privado ou um cursinho para passar no vestibular ou no Enem são os que ingressam em uma Universidade, uma franca minoria, o que faz desse setor o menos democrático no sistema educacional. Finalmente a educação brasileira é uma educação parcial, e o ensino superior é para a elite.
A UNE e a UBES precisam lutar pelo fim do vestibular, pela garantia dos direitos democráticos com um ensino para todos, dessa forma pelo fim do Enem e dos métodos seletivos na educação. Os estudantes não podem cair na ladainha de que sua luta é para convencer o governo bolsonarista, e também não podem aceitar que suas principais representações estejam se limitando a posts em suas redes e as palavras de ordem mal acabadas. A política estudantil precisa ser levada a sério, sem a luta pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas com a criação de verdadeiros comitês de luta estudantis preparados para um embate amplo e real contra a política direitista, o movimento estudantil se torna vazio e paralisado.